O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou, na manhã desta quarta-feira, 09/07, no Diário Oficial da União, a portaria que define os preços mínimos do algodão para a safra 2025/2026.
Contrariando as expectativas do setor algodoeiro, os valores divulgados permaneceram inalterados em relação à safra anterior, mantendo-se em R$ 114,58 por arroba da pluma. Também não houve alteração nos preços do algodão em caroço (R$ 45,83 por arroba) e do caroço de algodão (R$ 6,73 por arroba).
Abrapa e Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Algodão e Derivados
Em carta enviada ao ministro Carlos Fávaro, do Mapa, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Algodão e Derivados, Gustavo Piccoli, sugeriu o reajuste do preço mínimo da pluma para R$ 125,00 por arroba, um aumento de apenas 9,1% em relação ao valor atual.
A justificativa apresentada por Piccoli levou em conta, entre outros fatores, o aumento dos custos com insumos agrícolas, como fertilizantes, além do preço dos combustíveis. No entanto, o pleito não foi atendido pela área econômica do governo federal.
Na carta, Piccoli também apontou que a elevação do salário-mínimo, o aumento no custo da energia elétrica e a desvalorização do real contribuíram significativamente para o encarecimento da produção algodoeira.
“A atual conjuntura global levou à queda nos preços do algodão e ao retorno da alta nos preços de matérias-primas essenciais à produção nacional. O reflexo tem sido sentido pelos produtores na elevação dos custos de produção, o que exige mais capital para o financiamento da safra e amplia o risco da atividade”, justificou o presidente.
Cenário econômico para o produtor
No mercado interno, o aumento dos juros nas linhas de crédito do Plano Safra 2025/2026 limita o acesso dos produtores à modernização de equipamentos, à expansão de áreas irrigadas e à adoção de inovações tecnológicas — aspectos fundamentais para o desenvolvimento da cotonicultura.
Outros fatores também contribuem para o cenário de insegurança do setor, como o possível aumento do IOF e a taxação da LCA, o que demanda maior cautela por parte dos produtores na hora de investir.
A dependência da importação de fertilizantes tende a encarecer ainda mais os custos de produção, especialmente em contextos de conflitos geopolíticos que impactam diretamente a cotonicultura brasileira. Atualmente, os fertilizantes representam, em média, 17% do custo operacional efetivo da produção de algodão.
No cenário internacional, a disputa tarifária entre China e Estados Unidos é apontada como o principal fator de instabilidade no mercado algodoeiro. O setor é volátil e altamente sensível a condições climáticas e geopolíticas. Apesar da liderança brasileira nas exportações, as cotações da pluma apresentam viés de queda, o que pode comprometer o ritmo de desenvolvimento da atividade.