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Abrapa articula expansão do algodão brasileiro em missão oficial à China

Entre os avanços, destacam-se a proposta de aumento das cotas de importação e o pedido de liberação do caroço de algodão na China.

16 de Maio de 2025


A participação da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) na missão oficial do Governo Brasileiro na China terminou nesta semana com saldo positivo. Além do reforço na parceria comercial entre as duas nações, assuntos estratégicos para o cotonicultor brasileiro, como o limite nas cotas de importação e a autorização para a importação de caroço de algodão, estiveram em pauta.


A associação foi representada pelo diretor de Relações Internacionais, Marcelo Duarte. Em agenda paralela à programação oficial, o responsável pelo programa Cotton Brazil reuniu-se com as principais empresas estatais chinesas compradoras de algodão. O feedback foi favorável à colaboração entre China e Brasil.


“O algodão brasileiro é visto pelos importadores chineses como uma alternativa confiável e estratégica. Os clientes demonstraram grande apreço pelo engajamento contínuo da Abrapa e reafirmaram o interesse em ampliar os laços com os produtores e exportadores do Brasil”, observou o diretor.


China National Textiles Import & Export Corporation (Chinatex), China National Cotton Group Corporation (CNCGC), China Oil and Foodstuffs Corporation (COFCO) e China National Cotton Exchange (CNCE) estão entre as organizações chinesas visitadas.


Uma das pautas da Abrapa com as entidades chinesas foi o sistema de cotas de importação de algodão, limitadas atualmente em 894 mil toneladas de pluma. Embora haja empresas importadoras com saldo disponível, muitas já esgotaram seus volumes. Resultado: em abril, o Brasil embarcou somente 12 mil toneladas para a China. É o menor mensal desde junho de 2023.


A autorização para a importação de caroço de algodão também foi tratada. Hoje, somente a compra de farelo de algodão brasileiro está liberada. “O processo de autorização já foi solicitado oficialmente e está em andamento. Conversamos sobre isso nas reuniões com o governo chinês e com os adidos agrícolas brasileiros”, explicou Marcelo Duarte Monteiro.


A previsão é de que, na safra 2024/25, o Brasil produza cerca de 5 milhões de toneladas de caroço de algodão. “Essa autorização é uma prioridade estratégica para nós, pois significa a abertura de um novo mercado muito relevante”, disse o executivo.


A presença do alto escalão do governo brasileiro foi muito bem recebida pelos chineses. “Em um momento de tensões crescentes entre China e Estados Unidos, nossa participação foi vista como um gesto de boa vontade e parceria”, comentou o diretor da Abrapa.


A associação participou também de dois eventos organizados pela Presidência da República e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil): o Seminário Empresarial China-Brasil e o Diálogo Brasil-China sobre Segurança Alimentar. A agência é parceira da Abrapa no “Cotton Brazil”, iniciativa de desenvolvimento de mercado do algodão brasileiro em âmbito mundial.


Brasil e China têm sido bons parceiros nos últimos anos. No ciclo 2017/18, o algodão brasileiro representava 6% das importações chinesas, mas em 2023/25 o percentual passou para 40%. Em 2024, a exportação de pluma brasileira rendeu mais de US$ 1,7 bilhão para a China.


No entanto, neste ano a China tem importado menos. Entre os motivos, estão a instabilidade comercial mundial, devido à “guerra de tarifas”, mas principalmente a boa safra doméstica, cuja previsão é superar 7 milhões de toneladas. É um volume capaz de abastecer a demanda doméstica pelos próximos meses, mas ainda há interesse por algodão internacional, devido a questões de qualidade e às restrições internacionais ao algodão de Xinjiang.

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