Voltar

Abrapa promove capacitação para inspetores de UBA na Bahia

23 de Abril de 2025

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) realizou, ontem (22), o curso de Capacitação e Qualificação de Inspetores de Unidades de Beneficiamento de Algodão (UBA). A formação ocorreu no Centro de Análise de Fibras da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), em Luís Eduardo Magalhães (BA), e reuniu 44 participantes, entre gestores, classificadores, coordenadores das UBAs e demais responsáveis pelo processo de amostragem dos fardos de algodão. Conduzida pela Abrapa e supervisionada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a capacitação faz parte do processo de certificação de conformidade da qualidade do algodão brasileiro e atende aos requisitos do Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB).


Durante o curso, foram abordados os requisitos legais do programa, incluindo os padrões oficiais de classificação, identidade e qualidade do algodão em pluma, além dos processos de amostragem, apresentação e rotulagem do produto. “O treinamento teve como objetivo qualificar os inspetores de UBA, profissionais responsáveis pela amostragem dos fardos de algodão, que deve seguir rigorosamente os requisitos da Instrução Normativa nº 24/2016 (IN24), do Mapa, alinhada a padrões internacionais. A retirada e o manuseio corretos das amostras garantem resultados cada vez mais confiáveis — algo essencial para a indústria e para toda a cadeia do algodão, pois asseguram maior transparência, credibilidade e rastreabilidade”, explicou Edson Mizoguchi, gestor do Programa de Qualidade da Abrapa.


Sérgio Brentano, gerente do Centro de Análise de Fibras da Abapa, compartilhou da mesma opinião e destacou a importância da qualificação dos inspetores, que somam cerca de 170 profissionais atuando na Bahia. “Essa ação de treinamento eleva o nível dos processos nas usinas que são fundamentais para a imagem da cotonicultura brasileira. Garantir que a amostragem seja bem executada é garantir credibilidade, confiabilidade e rastreabilidade ao nosso algodão”, ressaltou.


Os inspetores de UBA desempenham um papel estratégico na garantia da rastreabilidade e da qualidade do algodão beneficiado. São responsáveis por gerenciar o processo de amostragem dentro das unidades de beneficiamento, assegurando sua conformidade com as normas internacionais. Entre suas atribuições, está a alimentação do Sistema Abrapa de Identificação (SAI) e do Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), que asseguram que as amostras e os fardos atendam aos padrões estabelecidos pela IN24.


“Mais uma vez, a Abrapa saiu na frente ao lançar o PQAB, colocando seu braço, junto ao do Mapa, diretamente nas algodoeiras. A proposta é qualificar um colaborador do produtor para atuar como inspetor de qualidade dentro do processo. Esse profissional se torna um especialista, com uma visão holística de toda a cadeia do algodão, contribuindo para que todas as amostras que saem da algodoeira cheguem ao laboratório dentro dos padrões exigidos pela Instrução Normativa nº 24, de 2016. Com isso, todos ganham: o produtor, que passa a contar com um processo mais estruturado; o colaborador, que adquire conhecimento, experiência e novas oportunidades de carreira; e o mercado, já que a indústria têxtil passa a valorizar ainda mais a fibra brasileira”, explica Edmilson Santos, consultor na área de qualidade, processo e beneficiamento do algodão.


Para o diretor executivo da Abapa, Gustavo Prado, a capacitação dos inspetores de UBA é essencial para transformar o trabalho realizado no campo em qualidade reconhecida no mercado. “Ao dominar os critérios técnicos e operacionais exigidos pelo PQAB e pela IN24, esses profissionais fortalecem não apenas os processos dentro das unidades de beneficiamento, mas também a reputação do algodão brasileiro no mercado global. A Abapa segue comprometida com o desenvolvimento contínuo da cotonicultura brasileira”, pontuou.


Passo a passo


A programação também contou com a participação de Silmara Ferraresi, diretora de Relações Institucionais da Abrapa, que apresentou os detalhes do Sistema Abrapa de Identificação (SAI) e os mecanismos de rastreabilidade utilizados na cadeia do algodão. “Durante o treinamento, mostro passo a passo como operamos dentro do sistema, seja pelo computador ou pelo aplicativo do inspetor — já que ele pode utilizar as duas ferramentas”, explicou.


Silmara detalhou que, após o treinamento e a certificação, o inspetor precisa estar vinculado a uma Unidade de Beneficiamento de Algodão (UBA) para atuar dentro do Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB). O primeiro passo é comprovar as medidas das facas das prensas. Em seguida, deve-se vincular as fazendas e os produtores cujos fardos serão beneficiados pela unidade. “Chamamos isso de ‘fazer vínculos’. O inspetor acessa o SAI, seleciona as unidades produtivas e já visualiza quem é o produtor responsável”, esclareceu.


Depois dessa etapa, é hora de submeter as malas. Para isso, o inspetor deve informar o lacre, a tara do papel, o peso da mala e, se quiser, pode também declarar a variedade do algodão. Essas informações são fundamentais para que o sistema calcule o peso médio das amostras, em função do número de amostras por mala.


Na sequência, o inspetor precisa responder a um checklist com perguntas, que confirmam a conformidade da mala com os requisitos do programa de qualidade. Entre elas: existe rastreabilidade entre a amostra e o fardo? A etiqueta da amostra corresponde à do fardo? O peso médio das amostras é igual ou superior a 150 gramas? O inspetor utilizou duas subamostras para compor a amostra principal? A mala está devidamente lacrada e em condições de ser submetida? “Se todas as respostas forem ‘sim’, essa mala está habilitada para seguir no PQAB dentro do laboratório de HVI, que também executará checagens”, finalizou Silmara.


Teoria e prática


Para os participantes, a formação trouxe ganhos práticos. Erick Sousa Santos, coordenador da UBA São Francisco, destacou a relevância do treinamento para a segurança e eficiência das operações. “O treinamento abordou temas importantes, como a identificação de riscos, análise de dados e tomada de decisões. A troca de experiências com outros profissionais foi enriquecedora e permitiu que eu compartilhasse conhecimentos e aprendesse com os demais. Acredito que essa capacitação vai ajudar a realizar meu trabalho de forma mais eficaz e segura”, avaliou.


O treinamento realizado na Abapa faz parte de uma série de ações promovidas pela Abrapa com foco no pilar de qualidade. A próxima formação de inspetores de UBA está marcada para o dia 29 deste mês, no laboratório da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa).

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter