No dicionário, a definição de rastreabilidade é “programa de acompanhamento sistematizado de um produto, desde sua origem, passando pelo processo de fabricação e manuseio, até o seu destino final”. Para a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a rastreabilidade é um compromisso, e se materializa em dois programas, o Sistema Abrapa de Identificação (SAI), o mais antigo instituído pela Abrapa, ainda em 2004, e o inovador Sou Algodão Brasileiro Responsável (SouABR), que une à rastreabilidade, um outro importante pilar da associação, a sustentabilidade.
O SouABR, primeira iniciativa de rastreabilidade em larga escala na indústria têxtil do Brasil, garante o rastreio de cada produto produzido com o algodão brasileiro certificado. Através da tecnologia blockchain, presente no QR Code que vem nas etiquetas, o consumidor pode conferir todo o trajeto da peça, da lavoura até o guarda-roupa, além de obter informações sobre a certificação socioambiental da origem da fibra. Em 2024, foram rastreadas 187.043 peças de cinco varejistas, entre eles, a C&A que já utiliza a tecnologia nas coleções de calças jeans.
Seu ineditismo e eficiência garantiram ao programa SouABR o reconhecido do Prêmio ECO AMCHAM 2024, promovido há mais de 40 anos pela Câmara Americana de Comércio. A iniciativa foi laureada na categoria produtos e serviços, no escopo do projeto “Jeans Rastreável” com o uso de blockchain, desenvolvido pela C&A Brasil, em parceria com o movimento Sou de Algodão, iniciativa da Abrapa. Outras marcas têm aderido. Em agosto passado, a Döhler se juntou ao SouABR e lançou as primeiras toalhas rastreáveis do Brasil.
Fardos rastreados
Além do rastreio de produtos feitos a partir do algodão, também é possível rastrear cada fardo da fibra produzida no país. O Sistema Abrapa de Identificação, SAI, funciona por meio de uma etiqueta que é fixada ao fardo assim que a algodoeira processa o beneficiamento. Com ela, é possível ver com precisão a fazenda onde a fibra foi produzida, a usina na qual foi beneficiada e até o laboratório que fez sua análise de qualidade. E não para por aí. As etiquetas trazem muitas outras informações, como os índices de análise instrumental por alto volume (HVI), as certificações pelos programas Algodão Brasileiro Responsável (ABR), ABR-UBA e Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB) e o licenciamento pela Better Cotton (BC).
Os números impressionam. Atualmente, existem 249 unidades de beneficiamento de algodão ativas em dez estados do Brasil. O SAI recebeu 380 pedidos de etiquetas e lacres de mala, gerando um total de 18.268.507 etiquetas SAI e 247.308 lacres emitidos. Sobre as etiquetas, 42% delas foram produzidas em vinil e 58%, em bopp. Já os lacres, foram 45% impressos em vinil e 55%, em bopp. Os meses de março, abril e maio responderam, respectivamente, por 14%, 55% e 22% do volume anual de pedidos de etiquetas e lacres, impressos e entregues por três gráficas parceiras homologadas, IGB, Grif e Prakolar.
A próxima operação do SAI será iniciada em 1° de março de 2025. Com a estimativa de 5,8% de aumento na produção de algodão, a previsão é de que sejam emitidas, considerando a área, mais de 19 milhões de etiquetas. É a rastreabilidade conferindo transparência, para que o comprador – seja ele a fiação ou o cliente da loja – conheça a fundo o que está levando e possa fazer boas escolhas.