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Abrapa participa de projeto inovador para medir a pegada de carbono do algodão brasileiro

28 de Novembro de 2024

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e Bayer, lançou um projeto pioneiro para desenvolver perfis ambientais e calcular as pegadas de carbono do algodão em caroço, pluma e óleo, abrangendo as principais regiões produtoras do Brasil. A iniciativa foi apresentada durante o Carbon Science Talks, que aconteceu nos dias 26 e 27 de novembro, em Campinas (SP).


Com duração de 24 meses, o projeto busca estabelecer uma referência nacional, e referências regionais para diferentes modelos de produção para a pegada de carbono do algodão brasileiro, utilizando dados primários de cotonicultores e metodologias reconhecidas internacionalmente, como a Avaliação de Ciclo de Vida (ACV). A caracterização dos sistemas de extração de óleo de algodão típicos, com seus parâmetros técnicos, suas emissões e representatividade para as principais regiões brasileiras também farão parte do trabalho e serão referências para a atualização da calculadora para o RenovaBio.


O presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel, destacou a relevância da iniciativa. “Essa parceria reforça o compromisso do setor algodoeiro com a sustentabilidade e a eficiência produtiva, além de posicioná-lo como uma referência global em práticas agrícolas responsáveis.” De acordo com dados da entidade, a produção estimada para a safra 2023/24 é de 8.890.058 toneladas de algodão em caroço, 3.680.309 toneladas de algodão em pluma e 4.720.310 toneladas de caroço de algodão.


Os primeiros cálculos utilizando a ferramenta Footprint PRO Carbono realizados com produtores do Mato Grosso, indicaram uma pegada de carbono média de 329 kg CO₂ eq/t (quilogramas de dióxido de carbono equivalente por tonelada de algodão), com possibilidade de redução de até 32% em áreas específicas. Além disso, o projeto prevê o detalhamento de perfis ambientais do algodão para diferentes produtos e regiões, começando pelos estados da Bahia e Goiás.


Segundo Alessandra Zanotto, vice-presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), que assumirá a associação no próximo mandato, “o algodão, devido às características da cultura, faz com que os produtores saiam na frente, com relação à inovação, e esse projeto, oriundo da parceria, é inovador porque é simples.” Alessandra comentou que reduzir a emissão de carbono contribui para a desaceleração do aquecimento global, preservação dos ecossistemas locais, ajuda a prevenir eventos climáticos extremos e a preservação da biodiversidade, beneficiando, não somente, os produtores, mas, principalmente, os consumidores e o meio ambiente.


Grande impacto


Para Marília Folegatti, pesquisadora sênior da Embrapa Meio Ambiente, a expectativa de impacto da iniciativa é grande. “A cadeia produtiva do algodão brasileiro faz um grande investimento em ações para a sustentabilidade que não são devidamente comunicadas. Esse projeto permitirá que se conheça a pegada de carbono do algodão brasileiro, o que já é uma exigência em vários mercados”, analisou.


A ferramenta, que utiliza metodologia de ACV para quantificar emissões e medir a pegada de carbono dos cultivos de soja e milho, passa a integrar também a cultura do algodão. O estudo trará uma caracterização dos principais sistemas de produção de algodão praticados no país e o seu perfil ambiental. “Isso permitirá a gestão de processos para a melhoria de desempenho, o que pode representar o acesso a mercados mais exigentes, por um lado, mas também contribuir para a redução da emissão de gases de efeito estufa, colaborando com o enfrentamento das mudanças climáticas”, informou a pesquisadora.


Com apoio técnico, financeiro e logístico da Abrapa, Abiove e Bayer, e coordenação técnica da Embrapa, a iniciativa busca atender às demandas globais por produtos sustentáveis, fortalecer a competitividade do algodão brasileiro no mercado internacional e abrir caminhos para novas oportunidades no programa RenovaBio e outros mercados de baixo carbono.


Carbon Science Talks


Promovido pela Bayer, o Carbon Science Talks tem como objetivo reforçar a jornada da empresa na integração de práticas agrícolas sustentáveis no campo que impactam positivamente toda a cadeia. Além da divulgação da V3 da calculadora Footprint PRO Carbono, a programação inclui uma série de painéis que discutirão os desafios e oportunidades do mercado de descarbonização no setor agrícola.


O primeiro dia do evento contou com seis painéis temáticos. Entre eles, o de quantificação da pegada de algodão e a parceria quadripartite entre Bayer Embrapa, Abrapa e Abiove, que teve a participação de Fábio Carneiro, gestor de Sustentabilidade da Abrapa. Outros painéis abordaram temas como Agricultura Tropical e Mudança Climática, Agricultura Regenerativa e Resiliência no Sistema de Produção, e Carbono Orgânico no Solo, que apresentou o modelo preditivo PROCS. A agenda do dia incluiu, ainda, discussões sobre Medição, Reporte e Verificação da Pegada de Carbono de Commodities Agrícolas, com a Footprint PRO Carbono 3.0, e Desafios para Mitigar Emissões de Escopo 3 na Cadeia de Valor.


No dia 27, o evento foi marcado por três painéis simultâneos que exploraram os temas centrais Descarbonizar, Remover e Regenerar. Esses debates aprofundaram estratégias para reduzir emissões, promover captura de carbono e implementar práticas regenerativas que reforcem a sustentabilidade na produção agrícola.


Com formato inovador, o Carbon Science Talks reuniu lideranças do setor agroindustrial, especialistas em sustentabilidade e tecnologia para discutir soluções que posicionem a agricultura como protagonista na mitigação das mudanças climáticas e no fortalecimento da economia de baixo carbono.

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