A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), representada pela diretora de Relações Institucionais, Silmara Ferraresi, participou do 9º Congresso Internacional da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), realizado em Salvador, nos dias 30 e 31 de outubro. Com o tema “Conexões Brasil – Mundo: Caminhos Estratégicos para Competitividade”, esta edição do evento abordou o posicionamento estratégico da indústria têxtil e de confecção brasileira no mercado global.
Os sete painéis e as duas palestras da programação, mediadas pelo presidente emérito da Abit, Fernando Pimentel, tiveram como foco discutir estratégias e oportunidades para aumentar a participação do setor no mercado internacional. “O setor têxtil é um dos mais importantes na economia nacional. Responde por 2% do PIB e gera mais de dois milhões de empregos, mas o nosso market share no exterior é de apenas 1,5%”, argumenta Fernando Pimentel.
Ainda segundo Pimentel, para que o Brasil aumente sua participação no mercado externo, é fundamental tratar da redução do custo brasil, fazer acordos internacionais com o Mercosul e a União Europeia, e investir nas indústrias, assim como na inovação, na modernização de maquinário e em processos. “Precisamos ter uma visão cooperada, da matéria-prima até o produto final, para que a agenda da sustentabilidade, que já praticamos, tenha uma comunicação homogênea nas feiras internacionais e nas missões, para que atraiamos investidores internacionais para aumentar a transformação da fibra dentro do país”, aponta.
Consumo interno
No âmbito do mercado interno, a prioridade é aumentar o consumo da fibra. Para tanto, a Abit e a Abrapa firmaram um compromisso, em setembro passado, durante o 14° Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), promovido pela Abrapa, que tem por objetivo alavancar o consumo das atuais 700 mil toneladas para um milhão de toneladas anuais. Para o presidente emérito da Abit, a parceria entre as entidades só reforça os esforços para atingir esta meta.
“O Brasil tem uma cadeia produtiva integrada e isso faz toda diferença. A Abit, juntamente com a Abrapa, busca ampliar a presença dos produtos brasileiros no atendimento à demanda internacional e local, o que é visto na agenda de sustentabilidade, governança, tecnologia, inovação, criatividade, presente em todas as nossas ações; trabalhamos na competitividade sistêmica de toda a cadeia e no combate às importações desleais. Se quisermos que a indústria brasileira cresça, ela precisa do suporte desse suprimento local, com um algodão certificado, de qualidade, e que atenda às exigências nacionais e internacionais”, afirmou.
Para a diretora de relações institucionais da Abrapa, Silmara Ferraresi, o compromisso conjunto de elevar a meta de consumo para um milhão de toneladas é considerada um marco histórico na cadeia produtiva do algodão brasileiro. “É um avanço significativo, que demonstra a confiança das duas entidades no potencial de crescimento e desenvolvimento do setor no Brasil”, avalia Silmara.
Segunda ela, o evento foi uma oportunidade única de encontrar muitos parceiros do movimento Sou de Algodão, do qual é gestora, além de ver nas palestras o reconhecimento aos programas desenvolvidos pela Abrapa, como o SOUABR. “No painel sobre desenvolvimento sustentável foi gratificante ver a menção que o gerente divisional de Sustainable Supply Chain (SSC) da C&A Brasil, Leandro Ito, fez ao programa SOUABR, como uma referência em ESG. Isso nos motiva a fazer mais e melhor”, finaliza.
O congresso
Na abertura do evento, o embaixador Roberto Azevêdo falou sobre a nova realidade mundial, com foco nas mudanças que estão ocorrendo no contexto geopolítico, e seus desdobramentos para o comércio internacional, para a cadeia de suprimentos, e como isso impacta a indústria brasileira. As políticas regulatórias globais e seus impactos no comércio também estiveram na pauta de discussões.
O desenvolvimento sustentável como estratégia para a competitividade foi o tema de um dos encontros. Na pauta, o que as empresas brasileiras estão fazendo em termos de boas práticas de gestão ambiental, social e de governança, como estratégia para o desenvolvimento sustentável. Um dos painéis mais concorridos foi “O Novo Consumidor: Oportunidades e Desafios”. Representantes da consultoria empresarial americana, McKinsey, Martha Torres e Pedro Fernandes; da Lupo Sport, Rogério Guimarães; e da Informa Markets Fashion, Edwina Kulego; abordaram o perfil do novo consumidor e os desafios que as empresas encontram na atualidade, para antecipar e atender as necessidades e desejos de clientes através de novas conexões e, ao mesmo tempo, construir relações profundas com seu público-alvo.
Encerrou o congresso, a consultora de inovação, Daniela Klaiman, da Future, que falou sobre como a proliferação de tecnologias e as inúmeras crises que o mundo está vivendo têm gerado ansiedade e incertezas sobre o futuro. Daniela ressaltou o lado positivo dessas transformações para o mundo corporativo, tendo o futuro como uma janela de oportunidades para o surgimento de um novo olhar, apoiado em conceitos, como a bioeconomia e cuidados com a saúde mental.