No último dia (05/09) do 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a sala “Nutrição do Algodoeiro" atraiu um público diversificado de produtores, estudantes e empresários, ávidos por discussões técnicas e práticas sobre o manejo da cultura. Esse workshop foi um dos seis realizados simultaneamente e abordou tópicos relativos a solo, plantas e conceitos estratégicos de manejo do algodão.
Na parte teórica da oficina, três especialistas renomados compartilharam seus conhecimentos. Álvaro Vilela Resende, doutor em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), destacou a importância de resgatar conceitos básicos de fertilidade do solo e alertou sobre os riscos de seguir fórmulas prontas. “A química do solo possui nuances que não mudam. Precisamos despertar o senso crítico e evitar a passividade diante das situações que exigem estratégias específicas”, ressaltou Resende.
Com uma apresentação dinâmica e interativa, Evandro Fagan, professor do Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM), abordou o manejo adequado de nutrientes e fertilizantes, explicando como essas práticas podem influenciar o crescimento da planta, minimizar estresses ambientais e melhorar a produtividade. “O conhecimento é o insumo mais caro na agricultura. Precisamos entender que a nutrição complementa o que as raízes não absorvem, e para isso, devemos ampliar nosso entendimento e empenho”.
O ponto de vista de Marquel Jonas Holzschuh, coordenador de Solos e Pesquisa do Setor de Planejamento Agrícola da SLC Agrícola, sobre a necessidade de adaptação do manejo do solo às diferentes condições regionais do Brasil foi apresentado na sala. “Cada um tem uma forma de fazer, mas a ideia é trazer questionamentos e reflexões para esse workshop. Qual o solo ideal, qual a condição ideal de fertilidade para essa cultura? Existem diferentes maneiras de fazer um plano adequado, a partir das estratégias e condições de cada produtor”, pontua, Marquel.
Prática
Na segunda etapa do workshop, os participantes foram desafiados a elaborar planos de adubação e correção de solo para o algodoeiro, baseados em quatro cases reais. Segundo o coordenador da sala, Leandro Zancanaro, o objetivo foi permitir que os presentes aplicassem os conhecimentos teóricos em simulações práticas. “No campo é preciso ter todo esse conjunto de informações. A análise do solo, por exemplo, é apenas uma ferramenta e nossa intenção não é dizer o que é certo ou errado, tudo tem fundamento na pesquisa. Mesmo com pontos de vistas diferentes, só é preciso respeitar os conceitos agronômicos e respeitar a ciência”, reflete Zancanaro no encerramento da dinâmica.
Congressista de Palmas, Tocantis, Luís Paulo Benício, foi um dos participantes a apresentar sugestões de plano de adubação e achou a oportunidade inovadora. “Os congressos normalmente são repetitivos, mas esse foi muito importante, porque nos da a oportunidade de estar em contato com outros profissionais, de discutir ideias, aprender e, também compartilhar aprendizados. Então, para mim, foi muito construtivo. É um momento de expor as ideias e pensar se estamos no rumo certo”, refletiu Benício.