A ramulária e a mancha-alvo são, atualmente, as principais doenças que afetam o algodoeiro, comprometendo significativamente a produção e a qualidade da fibra. Para discutir a ocorrência e o manejo dessas doenças, o engenheiro agrônomo Rafael Galbieri, pesquisador e coordenador do Departamento de Fitopatologia/Nematologia do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMA), coordenou uma das salas temáticas do 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA) nesta quarta-feira, 4 de setembro. O debate contou com a participação dos professores Sergio H. Brommonschenkel, da Universidade Federal de Viçosa, e Danilo Pinho, da Universidade de Brasília.
Eles apresentaram os avanços recentes na compreensão e controle dessas doenças, abordando novas práticas e estratégias para minimizar seus impactos na produção de algodão. “Discutimos as manchas na cultura do algodoeiro, que foram um grande problema na safra atual. Apresentamos detalhadamente questões como diagnóstico, sintomatologia e resposta dos cultivares a essas doenças. Examinamos como as doenças se manifestaram intensamente e apresentamos preparativos e estratégias para reduzir esses problemas na próxima safra. O evento foi muito produtivo, focando em como enfrentar esses desafios”, explica Galbieri.
A ramulária, geralmente, aparece nas folhas mais velhas após a emissão das primeiras maçãs. No Brasil, os primeiros sintomas são notados entre o surgimento do primeiro botão floral e o início do florescimento. Em situações de alta severidade, a doença pode levar à desfolha parcial ou total das plantas. Quando a perda de folhas ocorre durante a fase de formação das maçãs, compromete a produção na parte superior da planta, reduzindo a produtividade e provocando a abertura precoce dos capulhos, o que resulta em perda de qualidade da fibra.
“O fungo apresenta uma alta variabilidade genética, o que resulta em grande sensibilidade a fungicidas e a presença de materiais resistentes à doença. Discutimos o manejo mais eficaz para controlar esse problema”, explica Pinho. Como a maioria das cultivares em uso não possui resistência completa à ramulária, o manejo adequado se torna uma das principais estratégias para combater o patógeno.
Mancha-alvo
Caracterizada por lesões nas folhas da planta, com círculos concêntricos de tecido necrosado que lembram um alvo, a mancha-algo ataca diversas plantas, como a soja, que frequentemente é incluída no sistema de rotação de culturas com o algodão, que servem como hospedeiras do fungo. Para Brommonschenkel, o manejo de doenças em sistemas de produção intensiva em ambientes tropicais, como no caso dessas duas culturas, é complexo. “É necessário o monitoramento constante da lavoura. Empregar todas as práticas disponíveis no manejo integrado para controlar o problema, pois a erradicação é extremamente difícil. O uso de plantas de cobertura, produtos químicos e biológicos, aliado às condições climáticas, deve fazer parte de uma estratégia eficiente”, conclui.