No último dia 24 de julho, quarta-feira, Sou de Algodão, iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), marcou presença na 4ª edição da Mostra Moda Campinas, maior evento do interior paulista do segmento dedicado à conexão entre o varejo e o atacado. O tema desta edição foi “Encantamento da Natureza no Jardim da Moda”, a fim de explorar as tendências do Verão 2025. O objetivo também foi de aproximar a indústria e o varejo da moda, por meio de palestras e talks sobre tendências, montagem de coleção, novo varejo, experiência do cliente e sustentabilidade. Para esse último tópico, Manami Kawaguchi, gestora de relações institucionais do movimento, realizou uma das palestras.
O tema da conversa foi “Sustentabilidade: uma realidade de mercado”. Para isso, Manami começou apresentando os dados sobre o atual cenário da indústria têxtil. Segundo a Textile Exchange e a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção): o algodão representa 22% do mercado têxtil mundial e 79% das fibras naturais; já o Brasil - a maior cadeia têxtil completa do Ocidente (contemplando etapas desde o cultivo da fibra até o varejo) -, é um dos cinco maiores produtores e consumidores de denim do mundo, e está entre os quatro maiores produtores globais de malha.
A gestora pontuou, ainda, que os consumidores vêm se tornando cada vez mais rigorosos em suas escolhas. “Segundo dados do Instituto Locomotiva, de um estudo feito em 2021, cerca de 86% da população brasileira se interessa por sustentabilidade e 75% consideram que as empresas de vestuário deveriam se preocupar com esse tema e tê-lo como pauta permanente. Por isso, 15% das pessoas estão dispostas a pagar a mais por produtos de marca com posicionamento sustentável e 60% deixariam de consumir de empresas que apresentam problemas éticos”, explica.
Como o algodão é uma das fibras mais importantes para o mercado da moda nacional, a Abrapa vem desenvolvendo um trabalho pensando na qualidade, sustentabilidade, rastreabilidade e promoção da matéria-prima. Para isso, um dos pilares é o ABR (sigla para Algodão Brasileira Responsável), programa criado em 2012, que certifica as unidades produtivas que seguem rigorosos critérios sociais, ambientais e econômicos.
“Esse trabalho nos levou a um novo cenário, depois de mais de 20 anos de existência da Abrapa. Hoje, o Brasil produz mais de 3,11 milhões de toneladas de pluma, sendo que 720 mil toneladas são consumidas pela indústria nacional. Cerca de 82% de toda essa produção tem certificação ABR, 92% é em regime de sequeiro (o algodão brasileiro cresce apenas com água da chuva). Somos o maior fornecedor de algodão responsável, maior exportador e terceiro maior produtor”, diz Manami.
Na parte final da palestra, o movimento Sou de Algodão foi apresentado ao público e a gestora explicou que ele foi criado para despertar uma consciência coletiva em torno da moda e do consumo responsável. Para isso, a iniciativa une e valoriza os profissionais da cadeia produtiva do algodão e da indústria têxtil, dialogando com o consumidor final por meio de ações, conteúdos e parcerias com marcas e empresas.
O SouABR também foi um destaque no fim da conversa. Manami contou que o programa de rastreabilidade nasceu devido ao desejo dos consumidores em ter acesso a uma maior transparência no processo de venda, compra e consumo. “A proposta é oferecer ao público uma espécie de ‘raio-X’ da peça que ele está adquirindo, comunicando os passos que ela percorreu até chegar às suas mãos”, finaliza. Os convidados puderam fazer a leitura do QR-code de produtos, apresentados no telão, para passar pela experiência de conhecer a cadeia envolvida na fabricação de peças das varejistas participantes, e entender o que o consumidor pode ver ao adquirir uma peça rastreável pelo programa SouABR.