O exemplo de rastreabilidade do algodão brasileiro foi apresentado durante o terceiro Simpósio sobre Sistemas Agroflorestais com Cacaueiro (SSAF-CACAU), em um painel dedicado ao tema, realizado em 12 de junho, em Altamira, no Pará. Silmara Ferraresi, diretora de relações institucionais da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), foi a única representante do setor convidada a participar do evento. Ela destacou os avanços da entidade com o programa SouABR, que abrange toda a cadeia de produção desde a fazenda até o consumidor final, além do Sistema Abrapa de Identificação (SAI), garantindo a origem da fibra.
“Estabelecemos uma estrutura ampla que engloba sustentabilidade, rastreabilidade e qualidade para informar ao público sobre os processos de produção do algodão no Brasil. Hoje, temos uma integração de sistemas de tecnologia da informação, que asseguram a rastreabilidade em toda a cadeia produtiva”, esclareceu.
A diretora destacou ainda o funcionamento do SAI, que permite aos compradores conhecerem a origem do produto. Cada fardo possui uma etiqueta única, como um CPF, que contém informações detalhadas sobre o produtor, a fazenda, e a unidade de beneficiamento. Além disso, mostrou como os clientes podem acessar esses dados, garantindo confiabilidade no processo de produção.
“Nós asseguramos completa transparência quanto aos resultados de qualidade de cada fardo. Em todo o mundo, são analisadas 15 características. O Brasil se destaca por ser um dos poucos países que oferecem essa garantia em relação a todos esses aspectos”, afirmou.
Outro ponto abordado foi a construção do SouABR, o primeiro programa de rastreabilidade abrangente da cadeia têxtil brasileira, onde é possível traçar todo o percurso da peça, desde a fazenda certificada que produziu o algodão até o produto final. Silmara detalhou que o processo é verificado por meio de um QR Code presente na etiqueta da peça, o qual, através da tecnologia blockchain, fornece informações detalhadas sobre todo o seu processo de fabricação.
Benchmarking
Promovido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), da Sociedade Brasileira de Sistemas Agroflorestais (SBSAF), o evento teve como objetivo a troca de experiências e conhecimentos sobre os aspectos tecnológicos e de sustentabilidade dos sistemas agroflorestais com cacaueiro. Ele reuniu principalmente produtores de cacau da região da Transamazônica, o principal polo produtor do estado, que se prepara para ingressar no mercado europeu.
Para Elis Trzeciak, coordenadora da Projetos do IPAM, o encontro é reconhecido como a principal plataforma para a disseminação de conhecimento técnico-científico entre os produtores. “O desenvolvimento de mecanismos de rastreabilidade é essencial. A capacidade de compartilhar informações e compreender o sistema implementado pela Abrapa certamente proporcionou insights valiosos. Isso não apenas ilumina o caminho, mas também oferece referências concretas para que o setor possa criar seus próprios sistemas. A presença da Abrapa foi extremamente relevante e enriquecedora”, completou. Realizado em formato híbrido, o encontro termina nesta quinta-feira, dia 13.