A Câmara Setorial do algodão e Derivados (CSAD), liderada pela Abrapa, realizou uma reunião extraordinária para consolidar soluções emergenciais diante dos impactos da quebra de safra da soja causada por adversidades climáticas e El Niño. A produção de algodão é afetada, pois a maioria dos cotonicultores também cultiva soja.
Atualmente, 62% da produção brasileira de algodão ocorre em áreas de segunda safra, após a soja. A redução nos preços de commodities agrícolas, como soja, milho e algodão, também compromete a remuneração dos produtores rurais, com quedas de 28%, 24% e 25%, respectivamente, desde o início do ano passado, segundo o indicador Esalq/B3.
De acordo com o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel, os produtores querem evitar a inadimplência e a consequente falta de acesso ao crédito para financiamento e custeio de suas lavouras. “As medidas também devem impedir que os impactos da crise cheguem ao consumidor final, não apenas de roupas como de alimentos, pois a soja está na base de diversas outras cadeias produtivas do agro”, argumentou, durante o encontro, que reuniu os elos mais importantes da cadeia produtiva, além de órgãos governamentais, como a Conab.
A Câmara destaca a necessidade de uma linha de crédito emergencial para produtores, incluindo os de grande porte, visando evitar inadimplência. Além disso, solicita a prorrogação de operações de crédito, com prazo mínimo de um ano e taxas competitivas. Apesar dos apelos ao governo, reconhece que a iniciativa privada é o principal financiador da produção. Destaca a importância de dotação orçamentária para a Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM) e ressalta a relevância de soluções efetivas, como os programas de PEP e Pepro, além de reavaliar o modelo do Seguro Rural para maior consistência.
“Os recursos têm de ser elevados já para o Plano Safra 2024/2025, para dar conta do que o campo precisa neste momento, mas o seguro tem que ser uma ferramenta que de fato funcione para como um instrumento de política agrícola, e que seja, também, interessante para que as empresas do ramo possam criar produtos e ofertar apólices com este fim”, disse Schenkel.
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