Na busca por produzir mais e atender a demanda do consumo, produtores de todo o mundo têm utilizado as mais variadas ferramentas, exigindo alternativas integradas para o desenvolvimento sustentável e produtividade nas lavouras. Nesse sentido, o manejo adequado e racional do solo aliado à diversificação de culturas surge como alternativa de promoção da longevidade desse recurso e produtividade das lavouras. Por isso, o último dia do 13º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA) trouxe um workshop para debater a diversidade de culturas e o manejo de solo como estratégia para maximizar a produtividade de grãos e fibra.
Gerente Sênior de Parcerias e Programas Grandes Produtores da Better Cotton (BCI), Álvaro Moreira, foi o primeiro debatedor do workhop e falou sobre a saúde do solo. Ele defendeu que a cadeia produtiva do algodão precisa estar integrada não apenas quanto aos aspectos técnicos, mas também às tendências do consumo e das boas práticas de manejo. "Assim é possível aumentar o impacto positivo na vida do produtor e do meio ambiente. Isso porque o consumidor quer ver progresso, transformação e evolução naquele produto final". Para o especialista, a melhora da saúde do solo, alinhada com a questão climática, aumenta o negócio e amplia o lucro do produtor, refletindo ainda na sustentabilidade do sistema. Entre as práticas para a promoção dessas mudanças, estão a rotação de culturas, o plantio direto e uso das plantas de cobertura.
O pesquisador da Embrapa Alexandre Ferreira e o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Luiz Carlos Bergamaschi, falaram sobre o uso de plantas de cobertura como estratégia para implantação e manejo em sistemas de cultivo solteiro e em consórcio. Ambos trouxeram a experiência dos sistemas de produção utilizados na Bahia. "Ao longo dos anos de pesquisa, observamos que uma mudança na condição climática nos fez perceber a necessidade de mudanças no manejo, em função do surgimento de pragas, problemas nas cultivares, entre outros aspectos", indicou Ferreira. Na Bahia, na década de 80, a produção de algodão era realizada de maneira convencional, mas, a distribuição de chuvas no Cerrado era ruim e afetava a produtividade. "Nessas condições, a partir 1993, o próprio sistema nos obrigou a mudar a forma de manejar, ou seja, a natureza mostrou o caminho da diversificação de cultivo, preparando o solo e desenvolvendo soja e milho", observou Bergamaschi, informando que em 2003 ele passou a usar o sistema de plantio direto, aprimorando o manejo da lavoura e entendendo que uma cultura, naturalmente, exige o desenvolvimento de outra.
"Manejar o solo por meio do sistema de plantio direto, quando adotado corretamente, é fundamental para mitigar o estresse biótico e abiótico", apontou o membro da Comissão Científica do 13º CBA, Táimon Semler. De acordo com o especialista, é necessário compreender os processos envolvidos nos sistemas de cultivo, observando características do solo, da propriedade e a maneira como elas determinam o rendimento das culturas. "Há que se fazer uma análise de forma integrada, principalmente, as variáveis ligadas à dinâmica da água, à compactação do solo e à diversificação das culturas". Compartilhando da mesma idéia, o pesquisador da Embrapa Soja, Henrique Debiasi, acrescentou que a diversificação de culturas traz melhor desempenho produtivo a médio e longo prazo. "E a partir do momento que o produtor observa que a qualidade do solo está caindo, ele pode rotacionar culturas, manejar melhor o solo e fazer uso de ferramentas como bioanálises", finalizou Debiasi, considerando que, no cenário atual, o algodão brasileiro é uma cultura jovem, competitiva e o produtor deve estar atendo às informações e aos detalhes.