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Para especialistas reunidos no 13º Congresso Brasileiro do Algodão, adoção de práticas ESG está guiando os novos rumos dos mercados mundiais

17 de Agosto de 2022

Definida como um conjunto de boas práticas que vem sendo adotado pelas organizações para comprovar sua solidez e garantir um crescimento sustentável, a ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) foi o tema em destaque na segunda Plenária Master, desta quarta-feira (17), no 13º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), que se realiza no Centro de Convenções de Salvador. Participaram das discussões a head research ESG da XP, Marcella Ungaretti, o diretor executivo e gerente geral de Sustentabilidade do Instituto Lojas Renner, Eduardo Ferlauto, e o professor e o fundador da consultoria Ideia Sustentável, Ricardo Voltolini.


ESG é a sigla em inglês para os termos ambiental, social e governança e é utilizado para definir quanto uma empresa tenta minimizar seus impactos no meio ambiente e contribuir para a formação de uma sociedade mais justa e responsável. Ricardo Voltolini abriu a plenária falando sobre o crescimento da pressão da ESG sobre as empresas. Ele atribui essas mudanças a alguns fatores específicos como a ascensão dos “millennials”. “Essa turma já domina 27% dos negócios mundiais e já cresceu impactada pelas questões ambientais e a diversidade”, afirmou.


Outro fator destacado pelo consultor é o que ele chama de esgarçamento dos limites da temperatura mundial. “Empresas de todo mundo têm sofrido pressão para redução da emissão de carbono. O Brasil que hoje é o quarto emissor mundial de gás de efeito estufa é um dos países signatários do acordo da ONU para alcançar nas próximas décadas a meta de parar de emitir carbono”. Voltolini ressaltou que é uma tendência global entre os grandes investidores ampliar seus orçamentos destinados à ESG. Para ele, a sigla impulsiona um movimento diferente. “Hoje, negócios bons são éticos. Daqui para frente, os consumidores vão comprar de empresas que ajam como cidadãos éticos”, defende Voltolini.


Para Marcella Ungaretti, quando se fala em investimento, a integração ESG permite uma avaliação das empresas de forma holística, indo além das tradicionais métricas econômico-financeiras. “A adoção de princípios ESG na análise de empresas nos permite trazer para mesa de discussão questões que, além de serem fatores cruciais para o bem da sociedade, manutenção do planeta e construção de um mundo melhor, afetam diretamente os resultados das empresas. Na nossa visão, as empresas vencedoras serão aquelas cujo comportamento em relação às questões ambientais, sociais e de governança são colocadas em primeiro plano”, disse a representante da XP.


Ela também chamou a atenção para o crescimento da adoção das práticas relacionadas à ESG. “Embora as discussões acerca dos princípios ESG tenham ganhado notoriedade recentemente no Brasil, quando olhamos ao redor do mundo fica evidente que a consideração dos fatores ESG nos investimentos não vem de hoje e, mais importante do que isso, que não se trata de uma tendência, mas sim, de uma realidade. Globalmente, mais de US$ 35 trilhões em ativos sob gestão são gerenciados por fundos que definiram estratégias sustentáveis, o que já representa 35,9% do total de ativos geridos no mundo, dos quais mais de US$ 17 trilhões estão nos EUA, com o país representando 50% do total de investimentos sustentáveis no mundo”.


 Ao fazer sua apresentação na Plenária Master, o diretor do Instituto Lojas Renner deu destaque ao trabalho do grupo, que hoje conta com mais de 600 lojas, para desenvolver uma estratégia sustentável, com menor impacto no meio ambiente e maior responsabilidade social. No que definiu como estratégia de moda sustentável, Ferlauto ressaltou que as iniciativas, princípios e políticas comprometidas com o desenvolvimento sustentável compõem o alicerce do nosso trabalho”.  Explicou a ainda que a área de sustentabilidade do grupo é dividida em três pilares, incluindo o trabalho do Instituto Renner: economia circular e meio ambiente; governança e responsabilidade social e cadeia de valor responsável. “Hoje, 70% de nossa parte têxtil já adquirida exclusivamente no Brasil. Também já chegamos ao uso de quase 100% de algodão certificado”, afirmou Ferlauto.

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