Com o objetivo de divulgar iniciativas e discutir desafios enfrentados pela cotonicultura brasileira, em âmbito nacional e externo, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e a Better Cotton reuniram pesquisadores, representantes de instituições, de governo e órgão público, em um fórum para responder com maior eficiência às demandas do setor produtivo algodoeiro. A atuação do grupo visa facilitar a integração entre as áreas para que uns conheçam a operação dos outros, estimulando a condução de trabalhos interinstitucionais focados nos principais desafios e com divulgação internacional.
Durante o primeiro encontro do GT, que se realizou virtualmente na quarta-feira (27), o tema foi o monitoramento das principais pragas e doenças das lavouras. Bahia e Mato Grosso apresentaram os respectivos sistemas de monitoramento agrícola e fitossanitário, em curso, nas lavouras da região e coube aos participantes apresentarem resumidamente suas linhas de pesquisa, as ações implantadas e os principais resultados alcançados.
O pesquisador da Embrapa, Júlio Bogiani, apresentou o Monitora Oeste, ferramenta desenvolvida com tecnologia de ponta para monitorar o território de problemas fitossanitários. O aplicativo foi uma demanda da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) junto à empresa com o intuito de gerar alertas do avanço da mancha de ramulária do algodoeiro sobre as lavouras do Oeste da Bahia. Os resultados, segundo Bogiani, se mostram eficientes para o controle de pragas. A ferramenta armazena e organiza informações sobre o tipo de doença na lavoura, onde ela ocorre com maior incidência (por municípios, por exemplo), entre outros dados, e auxilia na tomada de decisões dos produtores. O Monitora Oeste é de uso gratuito, basta se cadastrar no software e o usuário receberá no celular IOS ou Android notificações sobre as ocorrências da doença na região. De a cordo com Bogiani, as informações estão em constante atualização no sistema.
O Mato Grosso usa ferramenta semelhante para o acompanhamento das lavouras contra pragas. Os pesquisadores do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMamt), Guilherme Rolim, e Jacob Crossariol, apresentaram resultados positivos relativos ao monitoramento e controle do bicudo-do-algodoeiro. Os dados levam em consideração os estudos realizados desde a safra 2012/2013. Uma das ações para garantir a solução para o problema está na mobilização de equipes de monitoramento de armadilhas nas propriedades rurais, além da disponibilização de um corpo de pesquisadores voltados efetivamente ao combate à praga. O bicudo-do-algodoeiro é a principal doença da lavoura do algodão no Brasil e atualmente é responsável por perdas de produtividade de até 75%, quando o manejo não é realizado de maneira efetiva. "Fornecemos informações às equipes, realizamos pesquisas semanalmente e redigimos alertas de praga que são enviados via Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e aplicativos de mensagens, para que assim possamos discutir estratégias para o manejo do bicudo", explica, acrescentando que o trabalho de verificação da resistência de outras pragas também é feito na região.
A próxima reunião do GT se realizará no mês de julho e a intenção é avançar nas discussões sobre a cultura algodoeira e o combate às doenças. As reuniões serão trimestrais e se estenderão até 2023, quando será publicado o Manual de Manejo Integrado de Pragas e Doenças do algodão brasileiro, atualizado. Ao todo, serão sete encontros virtuais com duração de duas horas, onde se pretende abordar temas como: variedades e resistência das pragas, uso de produtos biológicos, métodos de aplicação, registro de novos pesticidas e controle de pragas, ervas e doenças. O vice-presidente da Abrapa e coordenador do grupo de sustentabilidade da entidade, Alexandre Schenkel, destaca a importância das discussões sobre o tema para melhorar a competitividade do algodão brasileiro no mundo, mostrando os avanços da cotonicultura quando o tema é sustentabilidade. Segundo ele, é uma excelente oportunidade para promover o encontro da comunidade científica e técnica das diferentes regiões e com isso estimular a troca de experiências e de soluções tecnológicas.
O diretor executivo da Abrapa, Márcio Portocarrero, espera que o documento atualizado sobre Manejo Integrado possa servir de subsídio aos produtores do País. "O maior desafio de produzir algodão é manejar pragas e doenças que afetam as lavouras em um ambiente tropical".
Álvaro Moreira, Gerente Sênior de Programas e Parcerias com Grandes Fazendas da Better Cotton, destacou os dez anos de parceria estratégica com a Abrapa e os avanços e as necessidades no uso de boas práticas de manejo integrado de pragas e doenças. "Vamos ser parceiros para discutir os desafios e disseminar boas práticas em toda a cadeia têxtil, seja no Brasil, seja no exterior, conectando os produtores e parceiros à crescente demanda de toda a sociedade internacional por mais rigor em critérios de sustentabilidade".
Saiba mais sobre o que pretende o GT:
Fórum técnico capacitado, em âmbito nacional, para discutir a superação dos atuais desafios encontrados no campo;
Monitoramento das principais pragas e doenças da cotonicultura brasileira;
Publicação de um manual atualizado de manejo integrado de pragas e doenças do algodão brasileiro.
Grupo de trabalho é criado para a divulgação de pesquisas e iniciativas voltadas ao controle de pragas e doenças do algodão brasileiro
Primeira reunião do GT discutiu, em âmbito nacional, os desafios a serem enfrentados pelo campo iniciando pelo monitoramento de pragas e doenças
04 de Maio de 2022