A Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) participou, nesta sexta (8), de evento anual da China National Cotton Exchange (CNCE), o CNCE Gala. É o maior encontro da cadeia do algodão da China, com público estimado em 45 mil empresários, produtores, servidores públicos e executivos do setor. Com projeções das safras nos próximos anos, a entidade reiterou a mensagem central de que o Brasil é o parceiro de maior potencial para o setor têxtil chinês, a médio prazo. Afinal, garante volumes, produto de alta qualidade e produção sustentável. "Todas as leituras conjunturais mostram o Brasil como um player competitivo e sustentável de longo prazo no mercado internacional de algodão. No evento, mostramos os números que asseguram essa análise, mesmo no cenário de pós-pandemia e guerra na Ucrânia", observa o presidente da Abrapa, Júlio Busato.
De ambos os lados, disposição para a parceria não falta. Ano após ano, o comércio exterior entre os dois países cresce. Em 2019/20, o Brasil respondeu por 37% do total de importações chinesas da pluma: foram 577 mil toneladas (tons) embarcadas. No ano comercial 2020/21, o volume aumentou 25%, atingindo a marca de 721 mil tons. "Crescemos muito a nossa participação no mercado chinês nos últimos anos e temos potencial para crescer ainda mais", afirma Marcelo Duarte Monteiro, diretor de Relações Internacionais da Abrapa. Na temporada atual (que começou em agosto de 2021 e finaliza em julho de 2022), a previsão é 1,74 milhão tons a serem exportadas pelo Brasil, dos quais 79% já foram embarcados até o final de março. A China foi o destino de 34% desse volume.
Para a temporada 2022/23, a Abrapa prevê que as vendas ao exterior subam 21% em relação a 2021/22, totalizando 2,1 milhões tons. A meta para 2030 é bater a marca de 3,1 milhões tons, um crescimento de 80% em relação a 2023. "Embora seja a segunda maior produtora mundial de algodão, a China tem uma demanda muito grande que somente é suprida via importação. O Brasil é um parceiro em ascensão, com produto de alta qualidade, disponibilidade para fornecimento nos 12 meses do ano, produção sustentável e sem limitações de ordem política ou diplomática", contextualiza Busato.
Durante o evento, a Abrapa afirmou aos compradores chineses o desejo de continuar aumentando a produção e a exportação. Entretanto, no curto prazo, o desafio para a safra que será plantada a partir de novembro é o preço e disponibilidade de fertilizantes, que está causando apreensão entre os produtores brasileiros. Grande parte dos nutrientes empregados no cultivo de algodão no Brasil precisa ser importada (94% do potássio, 76% do nitrogênio e 55% do fosfato, por exemplo).
Foram também apresentados dados no evento que evidenciam que, além dos volumes produzidos em ritmo crescente, os indicadores de qualidade da fibra brasileira evoluem anualmente, assim como os índices de sustentabilidade. "Atualmente, 84% da nossa produção é Better Cotton, o que nos posiciona como o maior fornecedor mundial de algodão licenciado pela BCI", afirma o presidente da Abrapa.
Outro destaque que Abrapa apresentou no evento foi o sistema de rastreabilidade. A partir deste ano, indicadores de qualidade, dados de sustentabilidade e de origem do algodão brasileiro podem ser acessados via QR Code pelo celular. As informações também podem ser conferidas no portal da Abrapa.
Parceria. Instituída em 1997 pelo governo central Chinês, a CNCE gerencia a maior plataforma de negócios de algodão da China. Reúne mais de 4.300 fiações, responsáveis por 90% do consumo chinês, além de 90% dos comerciantes domésticos de algodão. Já a Abrapa é a maior porta-voz do mercado cotonicultor brasileiro. A associação representa 99% da produção nacional e 100% da exportação brasileira. Desde junho de 2021, Abrapa e CNCE mantêm parceria institucional visando intensificar o intercâmbio de informações entre os dois países com foco em ampliar a comercialização de algodão.
Cotton Brazil. A Abrapa realiza desde 2020 o Cotton Brazil, programa de desenvolvimento de mercados para a cotonicultura brasileira. Executado em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea), o programa visa a promoção e a prospecção de mercados para o algodão brasileiro. A iniciativa recebe apoio do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e conta com um escritório de representação em Singapura, um dos principais hubs logísticos do mercado asiático – que responde por cerca de 98% do market share da pluma brasileira.
Abrapa intensifica ações no mercado chinês
Projeções do mercado do algodão brasileiro foram apresentadas durante evento anual da CNCE
08 de Abril de 2022