O Cotton Brazil Outlook 2022, realizado em Dubai nesta semana, consolidou o Brasil como firme fornecedor de algodão para o Paquistão, terceiro maior consumidor e quarto maior importador mundial da fibra. O evento foi promovido pela Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea), em programação paralela à Expo Dubai 2020.
O acesso a informações atualizadas sobre safra e exportação brasileiras e a interação entre entre cotonicultores brasileiros e industriais paquistaneses foram muito bem avaliados pelo público, que reuniu mais de 100 empresas do setor têxtil e do algodão do Paquistão. "Começamos a produzir o 'novo' algodão brasileiro há 25 anos, e apenas recentemente nos tornamos grandes exportadores. Ainda podemos dobrar o volume destinado ao mercado externo, alcançando 4 milhões de toneladas. Essa é nossa meta", afirmou o presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato.
A missão deve resultar na ampliação da participação brasileira no mercado paquistanês. "Brasil e Estados Unidos são nossos maiores fornecedores. Vimos hoje o quanto a cotonicultura brasileira evoluiu nos últimos anos. Creio que o próximo passo é aperfeiçoar o acesso aos testes de qualidade por High Volume Instrument (HVI) antes dos embarques", sugeriu Adil Bashir, industrial e ex-presidente da All Pakistan Textile Mills Association (APTMA). Ele participou de uma mesa redonda em que produtores brasileiros e industriais paquistaneses fizeram perguntas e respostas e trocaram impressões sobre os dois países.
O tema já está na pauta de prioridades da Abrapa. "Estamos desenvolvendo, com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), um programa de certificação oficial do algodão brasileiro que irá garantir ainda mais confiabilidade e transparência às análises de qualidade da pluma. Devido à envergadura da iniciativa, teremos novidades em 2023", antecipou Busato.
A proximidade entre os dois elos da cadeia favorece a abertura de mais mercado e o surgimento de novas oportunidades de negócios, explica Marcelo Duarte, diretor de Relações Internacionais da Abrapa e head do programa Cotton Brazil. "As indústrias do Paquistão planejam expandir sua produção e preveem investimentos bilionários. Com isso, vão precisar de mais algodão do que já consomem", pontua.
O evento, que contou também com a presença de Rafaela Albuquerque, gerente de projetos, e Márcio Rodrigues, gerente de Agronegócios da Apex-Brasil, permitiu a troca de informações importantes sobre o mercado brasileiro. "Não sabíamos que o Brasil era o maior fornecedor individual de Better Cotton, por exemplo. É um dado relevante e que indica um grande futuro pela frente", afirmou Rehman Naseem, CEO da Fazal Cloth Mills Limited, uma das maiores fiações e tecelagens do Paquistão.
Better Cotton é o algodão licenciado pela Better Cotton Initiative, organização mundial sem fins lucrativos focada no fomento à produção sustentável e responsável da pluma por todo o globo. No Brasil, opera em parceria com a Abrapa. Em 2020, os cotonicultores brasileiros responderam por 37% do volume total da pluma certificada pela BCI no mundo.
O Cotton Brazil Outlook 2022 é uma das atividades da primeira Missão Vendedores realizada pela Abrapa desde o começo da pandemia. Após a etapa de Dubai, a comitiva brasileira, formada por cotonicultores e exportadores, seguiu para a Turquia.
Missão vendedores, em Dubai, aproxima Brasil e Paquistão
Evento realizado pela Abrapa deve ampliar presença do algodão brasileiro no terceiro maior consumidor mundial da fibra
03 de Março de 2022