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Empreendedoras apostam no algodão para criar de forma sustentável

Movimento Sou de Algodão é destaque no projeto Um Só Planeta/ PEGN

21 de Fevereiro de 2022

Abrapa na Mídia

 

Empreendedoras apostam no algodão para criar de forma sustentável

 

O comércio da fibra gerou receita de R$ 18,9 bilhões na temporada 2020/2021, segundo a Abrapa

 

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de algodão. O país ocupa o quinto lugar no ranking, atrás de China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. Entre agosto de 2020 e julho de 2021, o país exportou 2,4 milhões de toneladas da fibra natural, um recorde. O comércio da matéria-prima gerou receita de US$ 3,7 bilhões (R$ 18,9 bilhões) na temporada 2020/2021, de acordo com a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão). Além das grandes fábricas têxteis espalhadas pelo país, o algodão também é insumo para pequenas empreendedoras que encontraram nele uma forma de aflorar a criatividade e produzir de forma mais consciente e sustentável.

 

Suzana Romero já tinha experiência com a indústria têxtil, setor em que toda a sua família materna trabalhou. Mesmo com a formação em moda e os 15 anos de vivência no segmento no currículo, ela só foi encontrar a inspiração para a sua marca, Dacorda, em outro continente. Enquanto morava na Austrália, ela realizou um curso e, em uma das aulas, estudou sobre manipulação de materiais têxteis. Foi ali que começou a fazer experimentações com cordas, itens fundamentais no seu trabalho atual, iniciado em 2017, quando retornou ao Brasil. “Quando comecei a estudar moda, não existia isso de sustentabilidade. Quis criar o oposto do que eu vi antes, não queria jogar nada fora e queria trabalhar com resíduos”, conta. Com o material, ela cria, ao lado da mãe, itens de decoração e acessórios.

 

A arquiteta Nádia Doncatto deixou de atuar integralmente na profissão quando teve filhos, passando a pegar projetos esporadicamente. Moradora da região da Serra Gaúcha, ela tinha vontade de fazer algo diferente e encontrou no tricô gigante uma inspiração. “Eu queria trabalhar com algo que olhassem e se apaixonassem, trazendo movimento para a minha vida profissional”, relembra. Ao lado da sócia Andressa Merlin, percorreu as malharias da região para encontrar uma forma viável de produzir os itens, já que a lã era difícil de manusear e manter. O algodão foi a resposta para a criação da Hygme, há cinco anos. Como enchimento, as sócias decidiram usar fibra de poliéster, proveniente da reciclagem de garrafas PET.

 

À frente da Liga Transforma, coletivo com foco em moda sustentável criado durante a faculdade, a empreendedora Lourrani Baas faz a criação de peças com retalhos de tecidos. O projeto beneficia mulheres em situação de vulnerabilidade, que recebem suporte e qualificação profissional para atuar na área. “Além de ajudar o planeta, os nossos produtos são autorais, com informação de moda. Estamos vivendo a época da regeneração da moda, precisamos rever os processos para impulsionar a produção consciente e sustentável”, afirma.

 

As três microempreendedoras encontraram no algodão a forma de tirar seus planos do papel e caminhar com as próprias pernas. Além da questão da sustentabilidade, a matéria-prima promove um toque mais agradável e confortável ao corpo, um fator importante para a confecção de roupas e objetos de decoração que entram em contato com a pele. Elas também ressaltam a importância de promover o crescimento da cadeia de produção da fibra natural, da plantação até a chegada ao consumidor final. “O algodão é fincar as raízes no que importa. Espero que a gente consiga alavancar o sustentável, o limpo e o consciente por meio dele”, pontua Baas.

 

Adeptas da economia circular, elas desenvolvem iniciativas para diminuir o impacto que deixam no planeta com seus produtos. Romero, por exemplo, trabalha com logística reversa, desmanchando os itens antigos e transformando em novos, investindo na vida útil da matéria-prima. Os restos das linhas das cordas não usadas também são guardados e transformados em enchimento para bonecas e, mais recentemente, em papéis artesanais que serão utilizados como embalagem.

 

Desde 2016, o Brasil conta com o Movimento Sou de Algodão, iniciativa criada pela Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) para promover a moda e o consumo responsável. Tendo como embaixadores os estilistas renomados Alexandre Herchcovitch, Martha Medeiros e Paulo Borges, o movimento formou uma cadeia para valorizar os profissionais que vivem do algodão. “Começamos a nos juntar para demonstrar como a fibra é essencial na moda, como em produtos de cama, mesa e banho, passando pelo jeans até chegar à camiseta. Além disso, a parceria ajuda a levar informação ao consumidor sobre a origem de suas roupas e a estimular o uso do algodão responsável”, afirmou Júlio Cézar Busato, presidente da Abrapa.

 

Entre os 830 parceiros da iniciativa, 673 são marcas de pequeno porte (microempresas e MEIs), sendo a maioria (561) confecções. Busato aponta que a presença de pequenos empreendedores no movimento demonstra o potencial das interações para a geração de novos negócios. “O algodão é muito importante na nossa economia, movimenta grandes indústrias e é fundamental para centenas de microempreendedores individuais que encontraram uma forma de sobreviver à crise econômica que vivemos”, finaliza.

 

Para participar do movimento, os produtos precisam ter, no mínimo, 70% de algodão na composição. Uma vez parte da iniciativa, as marcas ganham espaço no do site Sou de Algodão, com divulgação de seus produtos.

 

PEGN – por Rebecca Silva – 21.02.2022

https://revistapegn.globo.com/Um-So-Planeta/noticia/2022/02/empreendedoras-apostam-no-algodao-para-criar-de-forma-sustentavel.html

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