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Setor debate perspectivas do algodão para a safra 21/22

​Painel repercutiu projeções apresentadas pela Conab na última semana

03 de Setembro de 2021

Setor debate perspectivas do algodão para a safra 21/22    


Um panorama do cenário atual e estimativas de oferta e demanda de algodão para a safra 2021/2022 foram apresentados nesta quinta-feira (2), em evento virtual promovido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Além da Abrapa, o painel contou com a participação da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit) e do CEPEA - ESALQ/ USP.



O diretor-executivo da Abrapa, Márcio Portocarrero, informou que 78% da safra 20/21 já foi colhida, mas a maior parte ainda está sendo beneficiada, o que impede o fechamento dos dados de produção. Segundo ele, 79,5% da atual safra e 35% da safra 21/22 já foram comercializados.  A preocupação dos cotonicultores, neste momento, são os gargalos logísticos para exportação. "Hoje estamos discutindo o problema de disponibilidade de contêiners, que vai manter o custo do transporte elevado", informou. "A competição está muito alta e é algo que não temos como resolver de imediato, é uma questão de falta de planejamento global de todas as cadeias", avaliou Portocarrero.



Com relação à próxima safra, o reaquecimento da demanda global e a forte valorização dos preços internacionais da pluma sinalizam para a retomada da área plantada, que recuou 17% no ciclo 20/21 em razão da baixa cotação no momento da decisão de plantio. "A previsão primária é de pelo menos voltarmos à área da safra anterior, mas vai depender muito do comportamento de soja e milho", ponderou o diretor-executivo da Abrapa. A oferta de potássio, ameaçada em razão dos embargos econômicos na Bielorússia, também influi na decisão de plantio, uma vez que o algodão é muito exigente em fertilidade. "Estamos avaliando todos os aspectos para não cairmos do patamar que conquistamos de estabilidade de oferta e darmos tranquilidade para os compradores nacionais e internacionais. Esse é o nosso grande desafio", enfatizou.



Lucílio Alves, pesquisador do CEPEA e professor da ESALQ/UPSP, lembrou que em julho de 2020 – período de tomada de decisão do produtor - a cotação do algodão atingiu seus menores patamares, na faixa de US$ 0,60 cents/ libra peso, com expectativa de manutenção dos preços pelos dois anos seguintes. Os parâmetros atuais, no entanto, são ainda maiores que os registrados em 2018, quando houve uma retomada de preços. "Mesmo que sinalize queda para 2022, estamos falando em U$ 0,80 cents/ libra peso, é muito atrativo", frisou Alves, lembrando que a variação de custos, nos últimos 12 meses, subiu menos que as variações de preços. "Esses fatores levam a uma retomada do otimismo em termos de rentabilidade do algodão. Olhando esse contexto e a expectativa pra frente, devemos ter um salto importante em área", avaliou.



O presidente da Abit, Fernando Pimentel, falou sobre a recuperação do setor têxtil a partir de agosto do ano passado, após forte impacto no começo da pandemia, e manifestou preocupação quanto ao suprimento da demanda. A previsão é encerrar 2021 com resultado 4 a 5% superior ao de 2019 – confecção e varejo ainda não voltarão aos níveis pré-pandemia, mas devem superar o desempenho de 2020. "Na perspectiva do algodão, estamos preocupados porque saímos de uma safra de 3 milhões para 2,3 milhões de toneladas", disse Pimentel. "Ainda é cedo para prognosticarmos o que vai acontecer em 2022. O quadro geral é de otimismo moderado", concluiu.



Projeções da Conab para a safra 21/22, divulgadas na última semana, indicam  um aumento de 13,4% na área plantada, chegando a 1.548 mil ha, diante do elevado patamar dos preços, dólar valorizado, alta rentabilidade, comercialização antecipada e da fidelização de clientes internacionais. Com uma produtividade estimada de 1.750 kg/ha, a produção prevista é de 2,71 milhões de toneladas - volume 15,8% superior ao da safra 2020/21.



Como fatores de risco para a efetivação do cenário projetado, a Conab aponta o surgimento de variantes do novo coronavírus mais transmissíveis e resistentes; fortes variações no preço do petróleo; e a relação comercial entre China e EUA. A Abrapa consolidará suas estimativas para a safra 2021/2022, no final de setembro.

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