Bordado é patrimônio cultural e imaterial de Alagoas e vem ganhando destaque nas mídias e melhorando a vida de artesãs
O bordado é reconhecido como patrimônio cultural e imaterial do estado de Alagoas, por ser uma tradição regional transmitida de geração em geração, em geral de mães para filhas. O grande destaque deste artesanato se dá pela técnica do filé, que consiste na elaboração de uma rede constituída por uma linha 100% feita de algodão, esticada sobre um tear, onde os pontos com agulha resultam em peças decorativas e de vestuário.
No entanto, o enfraquecimento do turismo impactou na demanda pelo bordado das artesãs, que trabalhavam sob encomenda para lojistas com comércio nas orlas das praias e em balneários.
Posteriormente, isso se converteu em uma oportunidade: em um ano, as bordadeiras cresceram expressivamente nas mídias sociais, contando com o apoio de diversos parceiros para fortalecer as comunidades locais dependentes dessa tradição.
Apoio social
As bordadeiras receberam cursos do SEBRAE-AL e da Rede Nacional do Artesanato Solidário (Artesol) sobre como ampliar o alcance de seu trabalho em redes sociais como Instagram e Facebook. Embora a demanda dos lojistas ainda não tenha se reestabelecido, as profissionais do bordado abriram novos mercados, apoiadas por padrinhos, como o Programa do Artesanato Brasileiro (PAB/AL) e o Sou de Algodão.
A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) ajuda a promover a união de todos os agentes da cadeia do bordado, desde os produtores rurais e da indústria têxtil da fibra de algodão de qualidade, fundamental para o trabalho das bordadeiras, até o consumidor final, passando por tecelões, artesãos, fiadores e designers de moda.
Para as bordadeiras terem uma boa matéria-prima, o trabalho começa com o agricultor na lavoura.
"O movimento Sou de Algodão reforça a importância da qualidade da fibra em toda a cadeia de consumo. Para um algodão de qualidade, é preciso ferramentas e soluções inovadoras no campo. É preciso um trabalho colaborativo que envolva players desta cadeia, por isso, acreditamos e apoiamos o movimento", conta Rafael Mendes, líder do negócio de algodão da Bayer para a América Latina.
A rede de artesãs constitui muito mais do que um ofício ou hobby, sendo parte de um ecossistema local que une mulheres em torno de uma tradição.
Esse é o caso de Petrucia Lopes, vice-presidente do Instituto Bordado Filé da Região das Lagoas Mundaú Manguaba (INBORDAL).
"Com 14 anos, fui morar em Maceió, no bairro do Pontal da Barra, conhecido como o bairro das rendeiras. Lá, aprendi o bordado filé com as amigas em minha adolescência", diz Petrucia.
"Para essas mulheres alagoanas, o dinheiro proveniente do bordado filé é um complemento de renda familiar muito importante. Há artesã que consegue tirar R$ 500 por mês, valor superior ao Bolsa-Família ou um Bolsa-Gás", diz a vice-presidente. "É um diferencial na renda familiar", finaliza.