Embora o período de colheita ainda não tenha começado, 63% da safra 2020/2021 de algodão já foram comercializados. O volume de pluma ainda disponível para a indústria têxtil é de 890 mil toneladas. O panorama foi apresentado pelo presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, Júlio Cézar Busato, durante plenária virtual do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem no Estado de Minas Gerais (SIFT-MG), nesta quarta-feira (07).
A expectativa de produção é de 2,41 milhões de toneladas da pluma, volume 20% inferior à safra 2019/20. O recuo se deve, principalmente, à redução de 17% na área plantada, que ficou em 1,35 milhão de hectares na safra 2020/21. "Durante o planejamento da safra 2020/21, os preços internacionais do algodão estavam abaixo de 63 cents de dólar/libra-peso. Nosso custo era 60, a decisão mais lógica era não plantar algodão", lembrou Busato, ressaltando que a comercialização antecipada busca travar o custo de produção. "Não podemos ter surpresas lá na frente", frisou.
Segundo ele, a previsão é de redução de 8% na produção mundial de algodão na safra 2020/2021, frente a um crescimento de 8% no consumo global. A perspectiva de demanda pela pluma brasileira é de 720 mil toneladas no mercado interno e 2,31 milhões de toneladas no mercado externo. Para 2022, o prognóstico é de 700 mil e 1,83 milhão de toneladas, respectivamente.
Não há, no entanto, razão para preocupação quanto ao abastecimento da indústria nacional, garantiu o presidente da Abrapa. "Precisamos ter uma maior aproximação da indústria com os produtores, para que também antecipem os contratos e garantam seu fornecimento", pontuou.
Bernardo Souza Lima, diretor da corretora Souza Lima, destacou que as exportações do primeiro trimestre deste ano ultrapassaram 730 mil toneladas, mais do que todo o consumo interno previsto para a safra 2020/2021. O estoque de passagem, portanto, deve ser baixo. "A exportação tende a ser um pouco menor no próximo ciclo, mas continuará havendo demanda pelo algodão brasileiro. É muito importante para a indústria trabalhar com maior antecedência na programação de compra de matéria-prima", avaliou.
Souza Lima chamou atenção para a volatilidade do mercado de algodão nos últimos 12 meses, resultado da flutuação da cotação na bolsa de Nova York e do câmbio – principais componentes na formação do preço no mercado interno. "É muito importante ficar atento ao que pode acontecer com o câmbio e o preço internacional, porque isso vai impactar diretamente no nosso preço doméstico", afirmou.
A plenária do SIFT-MG foi conduzida pelo presidente do sindicato, Rogério Mascarenhas, e contou ainda com a participação do presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, e do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe.