Durante dois dias, Berlim, na Alemanha, sediou importantes discussões sobre sustentabilidade na cotonicultura. Aproximadamente 500 representantes dos mais diversos elos desta cadeia produtiva reuniram-se na Conferência Mundial da Better Cotton Initiative (BCI), nos dias 17 e 18 de maio. O Brasil, maior fornecedor mundial de algodão licenciado BCI, com 25% da oferta, se fez presente ao evento através da Abrapa, que, desde 2013, estabeleceu um acordo de benchmarking com a entidade internacional, ampliando o alcance do seu programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR). Na safra 2015/16, 81% da produção brasileira obtiveram a certificação ABR, e 71% foram licenciados pela BCI.
A Abrapa ministrou duas palestras no evento, nas quais apresentou seu papel institucional de representante dos cotonicultores, assim como os programas que desenvolve em sustentabilidade, qualidade, rastreabilidade, além do movimento Sou de Algodão, de esclarecimento do público consumidor para as vantagens da matéria-prima e fomento do consumo no mercado interno. À frente das apresentações, o responsável pela área de sustentabilidade da associação, Fernando Rati, que participou dos paineis Unindo forças em prol do aumento da oferta de algodão sustentável e Incorporando sustentabilidade na produção mundial de algodão.
"Tivemos um papel muito importante nessa conferência mundial, de mostrar para os outros países, para as principais lideranças e tradings, que sustentabilidade é para nós uma prioridade. Buscamos a melhoria contínua dos nossos protocolos de certificação, escutando o mercado para saber qual a demanda e o que é necessário para adequar o nosso planejamento estratégico nesse sentido", ressalta Fernando Rati.
O evento iniciou com a apresentação do CEO da Better Cotton Initiative, Alan McClay, que mostrou a evolução da oferta de algodão BCI no mundo, desde a safra 2010/2011 até 2015/2016, e, também, a meta de alcançar cinco milhões de produtores BCI. Segundo McClay, a entidade internacional trabalha para que 30% do total de algodão produzido mundialmente sejam licenciadas BCI até 2020 (na safra 2015/2016, 12% da oferta global de algodão é BCI, o correspondente a 2,6 milhões de toneladas de pluma).
O painel Unindo forças em prol do aumento da oferta de algodão sustentável foi moderado pelo gerente mundial de programas da BCI, Corin Wood-Jones, e, além da Abrapa, participaram como palestrantes o CEO da Cotton Austrália, Adam Key, e o conselheiro da Aid by Trade Foundation (Cotton made in Africa), Christoph Kaut. A apresentação realizada pela Abrapa foi pautada na importância do benchmarking entre o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e a BCI, firmado em 2013, além dos principais resultados alcançados nos sete estados participantes do programa de sustentabilidade da Abrapa desde o início da parceria.
Fortalecimento
O painel Incorporando sustentabilidade na produção mundial de algodão foi moderado pelo gerente mundial de programas da BCI, Corin Wood-Jones, e, além do gestor de sustentabilidade da Abrapa, Fernando Rati, teve como palestrantes o diretor da Israel Cotton, Johnathan Spenser, e a responsável pela gestão da BCI na China, Sherry Wu.
Em sua apresentação, Rati explanou sobre o programa de rastreabilidade do algodão brasileiro, conhecido como Sistema Abrapa de Identificação (SAI), o Standard Brasil HVI (SBRHVI), e o movimento Sou de Algodão. Segundo o gestor da Abrapa, a integração entre os vários programas desenvolvidos pela associação chamou atenção do público.
"Participar de eventos como esse é fundamental para o fortalecimento do algodão brasileiro. Contribui para a divulgação da nossa fibra e para a boa reputação do setor. Os players percebem, assim, o quanto somos comprometidos, profissionais e transparentes na produção dessa commodity. Nós acreditamos que nenhum negócio que se pretenda bem sucedido e duradouro tem como alcançar essa meta sem pensar em sustentabilidade econômica, social e ambiental. Esse é o nosso jeito de pensar e de agir", afirma o presidente da Abrapa, Arlindo de Azevedo Moura.