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Abrapa discute alternativas para o crescimento da agricultura no Brasil

07 de Novembro de 2016

A Abrapa esteve, em Campinas(SP), na Embrapa, junto com produtores e especialistas do agronegócio, para tratar das questões relacionadas ao setor agrícola, no Brasil, e conhecer uma radiografia do país no que se refere à produção e à preservação do meio ambiente. Esses estudos foram preparados pela área de Monitoramente por Satélite da Embrapa e permitem que a Abrapa trace um panorama, atual, para auxiliar o planejamento do produtor nas próximas safras.



Além da Abrapa, representada pelo diretor executivo, Marcio Portocarrero, e Embrapa, com pesquisadores, analistas e o Chefe Geral de Monitoramento por Satélite, Evaristo de Miranda, estiveram presentes, na ocasião, os representantes da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), como o presidente, Marcos da Rosa, e o diretor executivo, Fabrício Rosa, e ainda dirigentes da Aprosoja de Mato Grosso. Entre os temas discutidos estavam o uso e ocupação das terras protegidas e cultivadas, no Brasil, as novas opções para o escoamento viário da produção e estudos sobre as características da agropecuária no país.



Sobre o uso e ocupação das terras cultivadas e das áreas protegidas, o estudo apresentado pela Embrapa comparou o que ocorre, hoje, no país com relação a outros países de territórios semelhantes ao nosso. O dado mais significativo demonstra que, atualmente, cerca de 17% do território nacional são destinados a áreas protegidas por unidades de conservação, um total de 1.204 parques estaduais ou nacionais, e outros quase 13% do território são destinados a comunidades indígenas, sendo ao todo 587 reservas. Isso representa cerca de 29% de todo o território nacional. Entre os números apresentados, no encontro, foi destacado pela Embrapa que 10% do território brasileiro são destinados a fins de Reforma Agrária. Isso corresponde a mais de 88 milhões de hectares com 9.203 assentamentos, ou seja, é o dobro da área cultivada com grãos no Brasil. Outro dado que chamou atenção de todos os presentes foi com relação às comunidades quilombolas. Elas recebem 2,5 milhões de hectares de terras cultiváveis.



Se compararmos o Brasil, nestas áreas protegidas, com outros países, verificaremos que a Austrália possui 17,5% do território protegido, a China 14,3%, os Estados Unidos 12,3%, a Rússia 9,9%, o Canadá 9,7% e a Índia 5,3%. Em média, eles destinam 10% do seu território para esses fins. A diferença é que estão localizados em regiões compostas de terras impróprias para a produção agropecuária enquanto, no Brasil, a maioria dos 29% de áreas protegidas está localizada em áreas produtivas.



Essas ocupações chamaram atenção, na reunião, para outro problema que afeta diretamente quem produz no Brasil: o escoamento da produção pela malha viária (rodovias, ferrovias e hidrovias) disponível. O maior entrave é a obtenção de licenças para obras de infra estrutura, porque os licenciamentos, em sua maioria, atravessam áreas destinadas a parques, comunidades indígenas e quilombolas. A Embrapa estuda novos locais para o escoamento da produção agropecuária e uma das alternativas pensadas é pelo Arco Norte. Confira a entrevista de Evaristo de Miranda clicando aqui.



Além dessa dificuldade, no encontro, foi constatado que com a implementação do novo Código Florestal Brasileiro, os produtores rurais são obrigados a recompor com florestas uma área em torno de 60 milhões de hectares. Terras que estão sendo retiradas da atividade produtiva (agricultura e pastagens) para serem destinadas a recuperar o meio ambiente. Outro dado preocupante para a economia brasileira é que a área ocupada com atividades agropecuárias vem caindo 2,5 milhões de hectares a cada ano, sendo substituída por novas unidades de conservação, reservas indígenas, comunidades quilombolas e cidades,



Segundo o IBGE, em 1985, o Brasil tinha 375 milhões de hectares aptos à atividade agropecuária. Em 1995, a área era de 353 milhões de hectares. Em 2006, o total ficou em 329 milhões de hectares. Para se ter uma idéia do que isso significa, o território brasileiro tem 850.280.588 hectares e a distribuição, atual, da sua ocupação apresenta os seguintes resultados: 17% com vegetação nativa em unidades de conservação; 13% com vegetação nativa em terras indígenas; 20% com vegetação nativa em terras devolutas, cursos de água, lagos e relevos; 11,3 % com vegetação nativa em cidades, macrologistica, infraestrutura energética, entre outros; 8% com lavouras e florestas cultivadas – corresponde aos 68 milhões de hectares, atualmente, cultivados com lavouras e florestas plantadas - e 19,7% com pastagens.



Dentro deste quadro real e difícil para a agropecuária, no Brasil, foram discutidas as possibilidades para obter uma maior competitividade com relação ao resto do mundo. Para Evaristo de Miranda, as tecnologias agropecuárias desenvolvidas para aumentar a produtividade e reduzir o custo de produção estão no limite, sendo necessário ainda algum tempo para a descoberta de novas tecnologias que permitam aumentar a produção agropecuária com a mesma área destinada, hoje, à produção. Na comparação de crescimento da produção brasileira com a área cultivada, nos últimos anos, o resultado é de uma produção estagnada ou que cresce em um ritmo lento. Para que os negócios da agropecuária voltem a ser lucrativos, segundo a Embrapa, é necessário que os produtores apliquem melhores técnicas de gestão nas suas propriedades, adotando um controle eficiente da administração da mão-de-obra, dos insumos e dos recursos disponíveis.



O chefe geral do Monitoramento por Satélite da Embrapa explica que a única medida com condições de resultados imediatos para o setor é o investimento – urgente - em projetos de macrologística. Assim, segundo Evaristo de Miranda, o Brasil poderia ter uma infra estrutura necessária com investimentos não só para o setor agropecuário, mas também para a indústria e para a produção mineral brasileiras. Dessa forma, ressalta ele, todos os setores da economia se beneficiariam e utilizariam a infra estrutura para transportar produtos industrializados, insumos e produção agropecuária de forma integrada. O plano passa por atrair investidores, através das Parcerias Público Privadas (PPPs), de concessões e/ou investimentos do Governo Federal para reduzir o custo de transporte, tanto para a chegada dos insumos nas fazendas, como para o escoamento da produção. Segundo a Embrapa, essa mudança pode gerar uma economia em torno de 35% para os produtores.

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