A Abrapa – Associação Brasileira dos Produtores de Algodão – lançou, oficialmente, nesta quarta-feira (19), em Liverpool (Inglaterra), o programa Standard Brasil HVI (SBRHVI) e anunciou a inauguração, no final deste ano, do Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA) , em Brasília (DF). O lançamento ocorreu em um prestigiado almoço, que reuniu representantes das associações estaduais, de empresas da cadeia, corretores de algodão, além das maiores empresas de comércio mundial de commodities, principalmente, as que comercializam a pluma brasileira.
O presidente da Abrapa, João Carlos Jacobsen Rodrigues, abriu o almoço apresentando os números alcançados pelo algodão brasileiro na safra 2015/2016. Destacou que, acima de tudo, o lançamento do programa era um compromisso da Abrapa com a qualidade e rastreabilidade da pluma brasileira. Antes de apresentar detalhes do programa SBRHVI, destacou os resultados alcançados na safra 2015/2016. Frisou que a área foi de 954.700 ha e a produtividade foi estimada em 1.351 kg/ha de pluma. Expôs que apesar da Conab ter divulgado a produção estimada em 1.289.500 toneladas, a Abrapa acredita que esta será menor, pois o beneficiamento ainda está em curso e estima-se alguma perda, ou seja, a produção deve ficar na casa de 1.200 mil toneladas. Ressaltou, em sua fala, que os principais compradores foram Vietnã, Indonésia, Coréia do Sul, Turquia e China. Destinos para os quais o algodão brasileiro já é exportado, há bastante tempo. Na sequência, teve satisfação em poder dizer que o Brasil é, atualmente, o líder mundial na produção de algodão com responsabilidade socioambiental com 81% da produção certificada pelo programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e 71% licenciado pela Better Cotton Initiative (BCI). Destacou também a rede de algodoeiras instaladas no Brasil. Nesta safra, 207 fizeram parte do Sistema Abrapa de identificação (SAI) e estiveram ativas. Quanto aos laboratórios de HVI, pontuou que são num total de 14 instalados no país com 63 máquinas de HVI. Finalizando o panorama da safra, apresentou os resultados de análise das características intrínsecas destacando que o percentual que merece atenção é o de índice de fibras curtas.
Ainda em seu discurso, Jacobsen brincou com a plateia fazendo perguntas: “O que o Brasil tem de novo para oferecer?”, “O que o produtor está fazendo de novo para entregar mais qualidade e rastreabilidade?”, “Como o produtor terá mais confiança do mercado e trará mais sustentabilidade para o negócio?" Respondeu os questionamentos destacando que nos últimos oito anos, com o empenho de quatro gestões da Abrapa, finalmente ele tinha o orgulho de informar que para responder a estas perguntas, a associação estava lançando o programa SBRHVI.
Foi enfático ao frisar que o programa está estruturado em 3 pilares que reúnem a construção do Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA), o sistema de de T.I que integrará todos os laboratórios em rede e fará a gestão do processo de rechecagem de 1% de todas as amostras, em sorteio aleatório, por máquina; e ainda reunirá o banco de dados de qualidade dos fardos produzidos no Brasil. O último pilar é o processo de constante orientação e melhoria dos laboratórios de HVI que fizerem parte do programa. Estes receberão feedback diário de suas atividades. Jacobsen detalhou todo o fluxo de funcionamento do programa e foi enfático ao destacar que as tradings que operam no Brasil serão cadastradas no sistema e poderão, assim como o produtor, ceder links para consulta aos fardos que estiverem negociando com o comprador final. Demonstrou como a consulta poderá ser feita via sistema e como toda a rastreabilidade dos fardos poderá ser verificada também via portal da Abrapa, uma vez que o comprador tenha em mãos a etiqueta SAI. "Com o programa SBRHVI, ampliaremos a rastreabilidade fornecendo dados que vão além da algodoeira, passam pela unidade produtiva, o produtor, certificação ABR, licenciamento BCI, dados do laboratório que analisou a amostra até chegar na divulgação das características intrínsecas e extrínsecas dos fardo", destacou Jacobsen.
O CBRA já tem data de inauguração marcada para 06 de dezembro e para o primeiro semestre de 2017, a Abrapa já tem uma agenda de providências que envolvem a integração dos laboratórios em rede, mobilização dos produtores para adesão ao programa, entre outros. Segundo Jacobsen, o compromisso da associação é que o primeiro fardo analisado em 2016/2017, já nasça com a identificação SBRHVI. É um grande passo para o algodão brasileiro em relação à transparência e credibilidade junto ao mercado, seja interno ou externo.
O que é o SBRHVI:
Standard Brasil HVI (SBRHVI) é o programa que tem como objetivo garantir o resultado de origem e, consequentemente, dar credibilidade e transparência para os resultados de análise de HVI realizados pelos laboratórios de classificação instrumental que operam no Brasil.