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Algodão brasileiro prospecta indústria têxtil do Irã

Abrapa e Embaixada do Brasil em Teerã iniciam negociações com empresários iranianos

25 de Novembro de 2021

Algodão brasileiro prospecta indústria têxtil do Irã  


Mais um mercado se abre ao algodão brasileiro. Com a indústria têxtil aquecida, o Irã identifica no Brasil um importante fornecedor não apenas de soja e milho, mas também da pluma. O interesse foi formalizado esta semana,  em uma agenda de negócios que reuniu a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), a Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea), a Embaixada do Brasil em Teerã e empresas têxteis iranianas.


Atualmente, não há exportação direta de algodão do Brasil para o Irã, mas há potencial para a parceria. O mercado têxtil iraniano está em expansão e hoje a estimativa é de que as importações sejam de 120 mil toneladas da pluma por ano, o que posiciona o país entre os dez maiores importadores de algodão no mundo.  Já o Brasil é o quarto maior produtor mundial da fibra, ficando atrás apenas da Índia, China e Estados Unidos. Ao longo de 2021, os brasileiros se tornaram o segundo maior exportador mundial do produto.


As exportações brasileiras para o Irã se ancoram principalmente em soja em grão, farelo de soja e milho. Esse comércio movimenta anualmente mais de U$ 1,05 bilhão e é um motivo a mais para a aproximação com os cotonicultores.  "No Brasil, quem produz algodão também cultiva soja e milho, porque fazemos uma sucessão de culturas ao longo do ano. O agricultor que está exportando grãos para o Irã também pode embarcar a pluma. Essa sinergia pode ser ainda maior se inserirmos a ureia nos negócios", observou o presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato.


Desde 2019, o Brasil passou a ter também no Irã um relevante fornecedor de ureia, insumo usado na fabricação de fertilizantes. Em 2021, de janeiro a agosto, os iranianos responderam por 4,5% do volume total de ureia importada pelo Brasil. No ano passado, foram o quarto maior fornecedor, com 7% de market share. "A operação de barter (permuta) entre ureia e algodão é uma opção real para ampliarmos esse comércio bilateral", afirmou o embaixador do Brasil em Teerã, Laudemar Gonçalves de Aguiar Neto.


O cenário é considerado positivo pelos empresários iranianos. "Nossos principais fornecedores hoje são o Uzbequistão e a Índia, mas queremos ampliar a parceria com o Brasil, de quem já compramos muitas commodities", pontuou Mostafa Navesi, executivo da trading Ariya Tejarat Sedeh Co. China e Estados Unidos, segundo e terceiro maiores produtores mundiais de algodão, não exportam para o Irã.


"Esta é uma boa hora para o Brasil ocupar essa fatia de mercado, pois tanto o Uzbequistão como a Índia estão priorizando o consumo interno da fibra e direcionando a exportação para fios e tecidos. Por isso, nos interessamos pelo algodão brasileiro, pois precisamos da matéria-prima para abastecermos nossa indústria têxtil", analisou Ahmad Ghasabi, representante da Khoy Textile Factories.


Ciente dos desafios logísticos atuais, os exportadores brasileiros de algodão  partem agora para o diagnóstico de experiências positivas de comércio de outros produtos entre Irã e Brasil. "Vamos identificar as oportunidades existentes com as empresas que já mantêm relação comercial com o Irã para benchmarking", afirmou o Vice-presidente da Anea, Marco Aluisio Néia.  O detalhfmento fitossanitário e o levantamento dos protocolos exigidos pelo Irã nas importações serão realizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). "Nosso foco é apoiar a viabilização das exportações do algodão brasileiro", afirmou Ellen Laurindo, auditora do ministério, que participou da reunião.


O evento foi realizado em formato online pelo Cotton Brazil, programa desenvolvido pela Abrapa em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) para promover o algodão brasileiro nos mercados internacionais, principalmente asiático. A iniciativa também recebe apoio da Anea.

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