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Aumento da produção de algodão é tema de seminário durante evento anual da Anea

01 de Julho de 2024

Consultor especializado no mercado têxtil global, Varun Vaid levou ao evento anual da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) – o XXI ANEA Cotton Dinner – um convite aos cotonicultores brasileiros. Analisando o comportamento de consumo por têxteis em contexto com as estatísticas do algodão ao redor do mundo, ele defendeu que a demanda da fibra natural aumentará se a produção se expandir.


Varun Vaid é analista e consultor estratégico da Wazir Advisors, empresa especializada no cenário mundial do setor têxtil. “A demanda já existe, mas está frustrada. Os números de consumo aumentarão se ampliarmos a produção de algodão”, argumentou ele durante o webinar “Rethinking Raw Material: Navigating the Evolving Industry Landscape” – ou “Repensando a matéria-prima: Navegando no cenário em evolução do setor”.


De acordo com Varun, a oferta estável da fibra natural é o principal fator para o crescimento do mercado sintético. “Não é que os consumidores não queiram mais usar algodão. É que não há mais algodão disponível. As fibras sintéticas são utilizadas quando não há fibras naturais”, ponderou ele, alterando a lógica em que a oferta é definida a partir do comportamento da demanda.


O apelo de uma roupa confortável e responsável fortalece a análise do consultor. “Os consumidores estão ficando mais conscientes e querem produtos mais sustentáveis. A indústria sabe disso, as marcas sabem disso. Todos querem sustentabilidade embutida nas suas cadeias de valor. É o que explica os investimentos no poliéster reciclado, por exemplo. Essa busca por uma moda mais sustentável é o melhor sinal para o algodão”, argumentou.


Mas o algodão – fibra natural e reciclável – pode competir com um produto cujo custo de produção é mais barato? O caminho está na tecnologia, antecipou o palestrante. “Em todos os países onde a indústria têxtil está se expandindo acima da média, há um forte apoio do governo, inclusive com políticas de incentivo fiscal, e grandes programas de treinamento e qualificação profissional”, afirmou.


Além de um produto confeccionado de forma responsável, marcas e consumidores querem diversidade. “É fato que, apesar de todo seu poder, a China está perdendo participação no mercado global e isso deve continuar. Isso reflete o esforço dos varejistas em buscarem outras opções, e isso é bom para o Brasil”, reiterou Varun.


Mas, embora porte o título de maior exportador de pluma do mundo, o Brasil viu sua indústria têxtil reduzir a capacidade instalada em 0,3% de 2016 a 2022 – contrariando o comportamento da média mundial. “A exportação de produtos semi industrializados precisa estar na pauta do Brasil”, sugeriu Varun.


Diretor executivo do International Cotton Advisory Committee (ICAC), Eric Trachtenberg se apresentou logo após Varun Vaid mostrando que uma das pautas principais do comitê tem sido a defesa do algodão como solução para a crise climática. “Algodão é celulose, é natural, sequestra carbono e em muitos países está associado à agricultura regenerativa. Mas aparentemente o cálculo da pegada de carbono atual favorece as fibras sintéticas. Queremos discutir e mudar isso”, observou Trachtenberg. Ele também mostrou o trabalho do ICAC frente às mudanças regulatórias ambientais, principalmente em países europeus.


A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) tem sido parceira do ICAC na defesa da pluma. “Sempre que possível mostramos para o mercado internacional tanto o aumento no uso de defensivos biológicos como as boas práticas de agricultura regenerativa, além da grande adesão dos cotonicultores ao programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR)”, enumerou Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa.


Cotton Brazil – Pelo terceiro ano consecutivo, o webinar sobre mercado internacional durante o ANEA Cotton Dinner foi promovido pelo Cotton Brazil – iniciativa desenvolvida pela Abrapa para representar em escala global a cadeia produtiva do algodão brasileiro. A Anea é uma das parceiras da iniciativa, além da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

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