No dia 26 de outubro, na sede da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em Brasília, foi realizada a reunião de divulgação dos resultados dos ensaios conduzidos pela Rede Nacional de Pesquisa Cooperativa com diferentes fungicidas em relação à ramulária, um fungo que afeta as folhas do algodão, bem como às manchas do algodoeiro, durante a safra 2022-2023. A rede é composta por 13 instituições de pesquisa, dez empresas parceiras e conta com o apoio da Abrapa.
Os pesquisadores analisaram a severidade e a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) da infestação da ramulária quando exposta a fungicidas multissítios, sítio-específicos e em monitoramento, além de analisar a resposta das manchas do algodoeiro à ação desses produtos.
Os ensaios foram conduzidos em 13 locais, com oito aplicações que se iniciaram 30 dias após a emergência, com reaplicações a cada 14 dias. O delineamento experimental foi realizado em blocos ao acaso, com quatro repetições e parcelas de quatro linhas de seis metros. A instalação do ensaio respeitou a época da semeadura recomendada para cada região, nos municípios de Querência (MT), Sapezal (MT), Sorriso (MT), Campo Novo do Parecis (MT), Campo Verde (MT), Primavera (MT), Chapadão do Sul (MS), São Desidério (BA), Luís Eduardo Magalhães (BA), e Formosa (GO). O objetivo foi avaliar a eficácia de controle dos principais fungicidas disponíveis.
De acordo com o coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Cooperativa, o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa, Fabiano Perina, os ensaios são realizados anualmente com o propósito de fornecer aos produtores informações atualizadas sobre a eficácia dos fungicidas disponíveis no mercado. Ele ressalta a importância da metodologia padronizada, que possibilita a obtenção de resultados consolidados. Isso, por sua vez, permite que os produtores desenvolvam programas de controle bem estruturados, resultando em um eficaz manejo da doença no campo. “Esse processo não apenas reduz os custos, mas também melhora a eficiência agronômica e assegura a produtividade”, afirma.
Perina destaca também que os ensaios anuais desempenham um papel fundamental na identificação de quais fungicidas estão perdendo sua eficácia devido ao desenvolvimento de resistência no campo. “Ao longo dos anos, por meio dessa Rede, tivemos a incorporação de multissítios, aumentando muito a eficiência de controle. Hoje, o produtor de algodão sabe controlar muito bem a ramulária”, enfatiza.
O gestor de sustentabilidade da Abrapa, Fábio Carneiro, ressalta a importância de os produtores e a associação contarem com uma estrutura organizada, como a da Rede, para obter informações corretas da eficácia dos pesticidas e, sem viés econômico, utilizá-las da melhor forma no campo.
Ensaios
Quanto à eficácia dos fungicidas sítio-específicos, ou seja, aqueles que têm apenas um local de ação no fungo, foram submetidos a testes dez produtos em um total de oito aplicações, utilizando um delineamento em blocos ao acaso com quatro repetições. Após um intervalo de 21 dias da última aplicação, os pesquisadores avaliaram a severidade da mancha de ramulária nas plantas de algodão, obtendo resultados surpreendentes.
Na área em que nenhum produto químico foi aplicado, a taxa de severidade atingiu 33,9%, enquanto nos quatro locais de teste, o resultado ficou abaixo dos 15,3%, chegando a notáveis 8,5% de severidade da mancha de ramulária em uma das amostras.
A produtividade do algodoeiro também teve impacto significativo na pesquisa. A redução da produtividade na área sem tratamento específico em relação ao melhor tratamento de controle de sítios-específicos foi em torno de 12%. Na área em que não houve uso de fungicidas, a produtividade do algodão em caroço atingiu 282,9 arrobas por hectare. Nas demais áreas que receberam as aplicações, a média registrada em oito locais superou as 300 arrobas por hectare, chegando, em uma delas, a atingir 323,0 arrobas por hectare.
Vale destacar também os ensaios realizados com dois fungicidas multissítios, que formam na planta uma camada protetora contra a germinação dos fungos. A severidade média em locais sem aplicação dos químicos era de 23,1%. Após o monitoramento de seis áreas que receberam os fungicidas multissítios, houve uma diminuição significativa para menos de dois dígitos, chegando, em um deles, a 5,2%.
A produtividade do algodão em caroço também apresentou melhoria, saltando de 296 arrobas por hectare na região livre de fungicidas multissítios para 325,5 arrobas por hectare em um dos sete locais pesquisados.
O ensaio também apresentou resultados de sete fungicidas que estão em monitoramento, que são aqueles que estão no mercado há mais tempo. Eles apresentaram um desempenho satisfatório no resultado de produtividade, fazendo com que os números subissem de 284,6 arrobas por hectare numa área sem aplicação de fungicida para 299,4 arrobas por hectare em uma das áreas testes.
Manchas Foliares
Após oito aplicações, o percentual de severidade das manchas foliares no algodão caiu de 20,6% (área livre) para 15,3% no melhor resultado na média de quatro áreas analisadas. A desfolha por metro linear também teve destaque, passando de 13,2 folhas por metro quatro para 9,1 no menor número analisado. Já a produtividade do algodão em caroço teve uma importante evolução, passando de 323,7 arrobas por hectare na área sem pulverização para 349,7 arrobas por hectare, no melhor resultado das amostras de áreas. Com isso, foi observado que a redução da produtividade na área sem aplicação correspondeu a 7% em relação ao tratamento com melhor produtividade no ensaio.
Rede Nacional de Pesquisa Cooperativa
A Rede Nacional de Pesquisa Cooperativa é formada pelas instituições de pesquisa: Agrodinâmica Pesquisa e Consultoria Agropecuária; Fundação Bahia; Assist Consultoria e Experimentação Agronômica; Fundação Chapadão; Círculo Verde Assessoria Agronômica e Pesquisa; Fundação MT; Instituto Mato-grossense do Algodão; Ceres Consultoria Agronômica; Instituto Phytus; Desafios Agro; Ide e Associados Consultoria Agrícola; Rural Técnica; e Embrapa. E tem como patrocinadores: Adama, Ihara, Basf, Isk Biosciences, Bayer, Sipcam Nichino Brasil, Helm, Syngenta, Isagro Brasil e UPL, e conta com apoio da Abrapa.
27.10.2023
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