A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) recebeu nesta quinta-feira, dia 5 de outubro, a delegação dos países latino-americanos para 5ª reunião do Fórum Regional do Algodão. Além de debater a fibra regenerativa do algodão e sua adaptação às mudanças climáticas, representantes da Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai e Peru também conheceram os padrões de qualidade da produção brasileira e boas práticas de rastreabilidade do algodão, com a apresentação do Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI) e do Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA), que fica no prédio da Abrapa.
“O objetivo do Programa é garantir o resultado de origem, dar maior credibilidade e transparência aos resultados das análises de High Volume Instrument (HVI), o tipo de classificação mais utilizada nas transações com algodão em todo o mundo. Ele foi estabelecido sob três pilares, sendo que o primeiro, necessariamente, tinha que ser uma estrutura de um laboratório central. Dessa forma, foi inaugurado o CBRA, em 2016, para fazer a gestão do processo de checagem das amostras”, afirmou o gestor do Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), Edson Mizoguchi.
Outro pilar do Programa destacado pelo gestor foi o Bando de Dados, que armazena as informações de análise e classificação do algodão produzido no país. Ele é integrado ao Sistema Nacional de Dados do Algodão (Sinda), ao Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e ao Sistema Abrapa de Identificação (SAI).
Com isso, as etiquetas com código de barras de rastreamento dos fardos, que fazem parte do SAI, trazem também os dados de análise da fibra. “O Brasil está entregando qualidade, rastreabilidade, confiabilidade e credibilidade de todas essas informações”, ressaltou. O terceiro pilar é a aplicação do protocolo de Verificação e Diagnóstico de Conformidade do Laboratório (VDCL) nas unidades de análise que integram o programa – atualmente são 12.
Para Cid Alexandre Rozo, auditor federal agropecuário do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), órgão que faz a fiscalização do Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro – certificação voluntária/autocontrole – a confiabilidade para entregar um produto, na quantidade e na qualidade que o país precisa, é fundamental. O Mapa supervisiona os laboratórios de análise de qualidade de fibra, que atendem aos cotonicultores. A iniciativa valoriza o autocontrole executado pelos beneficiadores de algodão, trabalho este que é realizado pelos laboratórios de classificação monitorados pelo Programa SBRHVI.
“Quando falamos de qualidade do algodão, falamos, principalmente, de quatro parâmetros, que são: comprimento, resistência, tipo de fio e espessura da fibra. Se fizermos a comparação do algodão brasileiro com o americano, eles são idênticos. Só que o do Brasil perde competitividade porque o produto fica parado no porto da China”, lembrou. O programa iniciou com apenas um laboratório e duas unidades de beneficiamento de algodão (UBA), e esse ano, foram 12 laboratórios e 105 UBAs (unidade de beneficiamento de algodão) habilitadas.
“Tudo tem seu valor agregado e tem que ter cuidado nesse processo de beneficiamento. Por isso, seguimos todos os procedimentos e as boas práticas para manter a rastreabilidade do algodão, atendendo aos padrões de qualidade da fibra, não só do Brasil, mas do mundo”, explicou Edmilson Santos, coordenador corporativo de qualidade do algodão da SLC Agrícola, que apresentou todo o processo de produção realizado pela empresa, da colheita ao beneficiamento. Segundo ele, a pluma traz 86% do retorno financeiro e o caroço, em torno de 12%.
A Carta de Brasília
Realizado pelas Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e Ministério das Relações Exteriores (MRE), para celebrar os 10 anos do projeto regional +Algodão, a 5ª reunião do Fórum Regional do Algodão rendeu muito mais do que conhecimento. O evento selou o compromisso de sindicatos e organizações algodoeiras de países latino-americanos presentes, visando aumentar a discussão de temas como acesso a mercados, certificações, melhor produção e enfrentamento às mudanças climáticas.
A carta assinada pelos representantes dos países latino-americanos informa que a agricultura regenerativa é entendida pelos participantes como uma alternativa para realizar mudanças na produção algodoeira em direção a sistemas de produção mais sustentáveis, ampliando a oportunidade de alcançar a certificação das lavouras algodoeiras e outras culturas associadas, bem como a pesquisa, a inovação e o intercâmbio tecnológico em torno do algodão e as alternativas de renda que ele proporciona.
“Temos um desafio muito grande. A certificação, que é o passo mais importante para comprovar para o mercado e para as políticas públicas, que estamos produzindo de uma forma correta. Porém, não basta dizer que somos generativos ou sustentáveis, temos que comprovar isso”, afirmou o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, que, na ocasião, apresentou o trabalho desenvolvido pela associação, como o Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), certificação socioambiental do algodão brasileiro que vem sendo reconhecida como uma das mais completas do gênero em todo o mundo, assim como a rastreabilidade da pluma nacional, igualmente considerada inovadora.
Participaram ainda das discussões Lisiane Brichi, consultora de projetos de inovação da Peterson Brasil, e Sílvio Moraes, da Textile Exchange.
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