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Custo de produção e competitividade do cultivo do algodoeiro são desafios para o produtor brasileiro

Cultura foi pressionada, principalmente, pelo preço dos fertilizantes

18 de Agosto de 2022

A importância das compras de insumos e a venda da produção, além das políticas públicas de longo prazo para investimentos e estratégias na obtenção de insumos agrícolas foram temas abordados nesse segundo dia do 13º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), que acontece até quinta-feira (19), no Centro de Convenções de Salvador. O evento, organizado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), reúne players do setor para tratar de temas desafiadores.


Jones Yassuda, da AgrAll Inputs, explica que os fatores que mais influenciam no custo de produção são os fatores climáticos, as tecnologias genéticas disponíveis tanto em variedades como eventos transgênicos, a rotação de cultura, a estratégia de controle de como se utilizam os insumos, o custo dos produtos utilizados e a forma de aquisição destes insumos. “O gerenciamento destes fatores propiciara a melhor relação custo e receita para o cotonicultor”, explica.


Sobre essa relação custo e receita, é consenso entre os especialistas que os custos de todos os produtos agropecuários estão em patamares superiores àqueles observados em períodos anteriores à pandemia por Coronavírus. “Além da crise sanitária e a consequente diminuição da atividade econômica mundial, a falta de matérias-primas, a elevação nos preços dos combustíveis, os problemas logísticos na China e as recentes tensões no leste europeu e Ásia explicam os aumentos nos custos de produção”, avalia Rodrigo Gomes de Souza, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).


Compartilha da mesma opinião, Lucílio Alves, professor da ESALQ/USP e pesquisador do Cepea. Segundo ele, os custos de produção do algodão apresentaram elevação até a safra 2014/2015, mantendo-se estável até a temporada 2018, a partir de quando houve a elevação dos custos, sustentados especialmente pelos maiores preços de fertilizantes. “Tomando como base os custos para a região oeste da Bahia, em média, 85,5% dos custos totais de produção são operacionais e 14,5% se referem aos custos de oportunidade e de capital”, diz.


Por outro lado, equilibra a balança entre produção e venda os preços recebidos que também acompanharam este movimento, resultando na manutenção de margens de comercialização positivas para o produtor, o que estimulou o aumento da área plantada com grãos no Brasil em 5,8% na safra 2021/22, segundo dados da Conab. “Apesar das altas de custos, pode-se dizer que a rentabilidade da cultura segue favorável ao produtor. Os ajustes em usos de tecnologias, em sistemas de cultivo (como a segunda safra), em processos de compras de insumos e de venda antecipada da produção, ajudaram o produtor a aumentar a área com a cultura ao longo do tempo, aproveitando uma demanda internacional favorável”, aponta Lucílio Alves.


Contudo, um dos grandes vilões ainda continua sendo o custo dos fertilizantes. Enquanto entre as temporadas 2016/17 e 2020/21, os fertilizantes representaram, em média, 15,5% dos custos operacionais, em 2022 sua representatividade superou os 33% do custo operacional. “É algo preocupante. Há expectativas de que os preços possam ceder, comparativamente ao observado em 2022, mas que ainda fique acima do registrado nos anos 2020 e 2021. Assim, o ritmo de alta pode perder força, mas não há sinais de que volte aos patamares registrados antes da pandemia”, acredita Alves.


Yassuda ressalta que o problema toma grande dimensão porque o Brasil é muito dependente dos fertilizantes produzidos lá fora. “O incentivo nos investimentos da exploração local e produção local no caso dos nitrogenados se faz urgente para equilibrar e reduzir a dependência que beira 85% de importação. O Plano Nacional de Fertilizantes é um início, porém, o governo deveria tomar a iniciativa de coordenar a implementação de um programa de exploração local e incrementar a relação comercial entre os países produtores”, finaliza.

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