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Fazendas do setor algodoeiro investem na proteção de direitos e bem-estar dos trabalhadores

​No Dia do Trabalhador Rural, comemorado nesta quarta-feira, 25, mostramos o cotidiano de profissionais que atuam nas propriedades

25 de Maio de 2022

As boas práticas agrícolas adotadas nas propriedades produtoras de algodão no País são uma realidade. O trabalho permanente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), voltado para a proteção dos direitos e bem-estar do trabalhador, possibilita avanços e a abertura do mercado aos profissionais. Os programas Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e ABR-UBA para unidades de beneficiamento, coordenado pela Abrapa, em parceria com as associadas e os produtores, por exemplo, garantem que todas as fazendas e algodoeiras participantes cumpram a legislação trabalhista e por consequência os colaboradores tenham direitos assegurados. Critérios voltados à conscientização dos trabalhadores, ao respeito a diferenças culturais, de gênero, orientação sexual, saúde, segurança ocupacional, entre outros, devem ser atendidos pela fazenda/unidade de beneficiamento terem a certificação dos programas. São itens que demonstram os cuidados com os profissionais envolvidos nas atividades, sejam os que atuam no plantio, colheita, beneficiamento ou comercialização da fibra.

No mês em que comemoramos o Dia do Trabalho (1º) e o Dia do Trabalhador Rural (25), vamos mostrar um pouco do cotidiano desses profissionais, homens e mulheres que se destacam na cadeia produtiva do algodão. Maria dos Santos Silva, coordenadora agroindustrial na Fazenda Pamplona, em Cristalinaé um exemplo. Ela cresceu em uma família de agricultores na Bahia e aos 19 anos decidiu mudar para o Centro-Oeste. Lembra que, ao chegar, buscou colocação na agricultura. Formou-se em Técnica Agrícola e em Gestão de RH e, há 11 anos, trabalha na Fazenda Pamplona. Em seu papel como coordenadora agroindustrial, Maria, de 31 anos, atua no gerenciamento de atividades pós-colheita de algodão. No período de safra, chega a comandar mais de 60 pessoas, na maioria homens. "Tenho visto muitas mudanças positivas ao longo dos anos, inclusive o ingresso de mulheres nas algodoeiras e avanços na questão de legislação. Quando comecei, poucas mulheres ocupavam cargos de gestão e foi difícil lidar com equipes exclusivamente masculinas e maduras, mas sempre tive o apoio e o respeito do grupo e isso me ajudou a alcançar uma posição de liderança dentro da unidade. Quero ser inspiração para outras mulheres que, assim como eu, sonham em trabalhar com uma cultura tão linda como o algodão", ressalta.

Mulheres que inspiram e usam sua experiência e sensibilidade para impulsionar mudanças positivas no cultivo da fibra dividem espaços com homens e se destacam em cargos de chefia, coordenação, aviação agrícola e patrulha mecanizada, assim como em muitas outras áreas. A habilidade e dedicação delineiam a participação feminina na cotonicultura e coletivamente com os homens vem dando destaque à cultura no País.

A trajetória de Cleiton Chagas no setor algodoeiro começou no almoxarifado da fazenda Planalto, onde fazia o recebimento e a movimentação e estocagem de matérias-primas e produtos. Não demorou muito para atuar como monitor de qualidade e chegar a coordenador Agroindustrial de Algodoeira e Armazém. São pouco mais de oito anos atuando no setor e nos períodos de pico da safra chega a coordenar 75 pessoas. Como gestor, preza o diálogo, o trabalho em equipe e a proatividade dos colaboradores. "Acredito que quando a gente gosta do que faz, o tempo é relativo e as oportunidades aparecem", diz. "O importante é estarmos preparados para assumirmos as tarefas."

Daniella Dias é o outro exemplo de que o setor abriu espaços e garantiu direitos para que pudesse exercer sua função: tocar o Patrulha Mecanizada, projeto de recuperação e pavimentação de estradas vicinais que tem revolucionado a logística no Oeste da Bahia. Ela fez da estrada seu caminho. Inspirada no pai, cursou engenharia civil e se especializou em Projetos Rodoviários. Sob seu comando, há um time de 75 pessoas, 100% masculino, com o qual ela aprendeu a lidar com estratégia, sabedoria e sensibilidade feminina. "Sempre existe um pouco de resistência, mas descobri que a melhor maneira para quebrar estas barreiras é angariar o respeito dos mais velhos. São eles os líderes que fazem a ponte com os demais", explica Daniella, que credita parte dessa habilidade ao fato de ser mulher.

Há 20 anos Grasiele Scalco atua em uma cooperativa de classificação de algodão. Na unidade, passou por diversas funções até chegar à supervisão dos setores de administração de amostras, montagem de take-up e apresentação de take-up. Ela conta que os desafios são constantes e por isso é preciso dedicação e empenho na atividade. "Se você não ama o que faz, dificilmente alcançará os objetivos. O que me motiva diariamente é participar de uma parte do processo que movimenta e impacta milhares de vidas. Eu amo o que faço", afirma, acrescentando que participa do início e do final do processo de classificação da fibra. Grasiele é formada em Administração, com MBA em Gestão Financeira e em Gestão em Cooperativismo, recentemente formada também em Classificação de Algodão. Ela reconhece o trabalho que vem sendo feito pelo setor para que o mundo reconheça a qualidade e competitividade do algodão brasileiro no mercado.

A gaúcha de Não me Toque, Joelize Friedrichs, chegou na Bahia em busca de oportunidade em uma área na qual é pioneira: piloto de avião agrícola. Quando começou, há dez anos, o setor de aviação agrícola computava apenas duas mulheres em todo o País. "Meu plano inicial era a aviação civil. A agrícola apareceu como uma opção, na qual eu pensava em me dedicar por uns dois anos, mas foi ficando cada vez mais interessante, e já estou nela há dez", afirma. O algodão é uma novidade, pois no Estado de origem não há lavouras da cultura. "Esta é a minha segunda safra. Quero, com meu trabalho, tornar mais fácil o acesso para outras mulheres que estão chegando agora. Essa é a minha contribuição", diz.

Quem também migrou para a cultura do algodão foi o mineiro Eustáquio Salvador Rodrigues. Começou as atividades como auxiliar administrativo, no Grupo Farroupilha, e sem nunca ter trabalhado com lavoura, em 2008, assumiu a gerência da Fazenda São Francisco, um dos grandes do agro em Minas Gerais. Hoje, comanda um grupo de pouco mais de 60 pessoas que trabalham em uma área de 6.420 hectares de lavouras, fazendo a rotação de cultura entre milho, soja e algodão. Desse total, entre 2,5 e 3 mil hectares são da fibra, a cada safra. "Somos desafiados diariamente no nosso trabalho. Ora pelo clima, ora pelas pragas, mas é uma atividade apaixonante", conta Rodrigues.

Os diferentes depoimentos dados por profissionais envolvidos na cadeia algodoeira são reflexos do trabalho contínuo da Abrapa, associações parceiras e produtores, assegurando as condições de trabalho e a integridade dos profissionais nas fazendas para uma produção mais eficiente e segura. "Nossa missão é promover a evolução progressiva das boas práticas agrícolas e o ABR é um dos mais completos programas de sustentabilidade da cotonicultura brasileira", ressalta o presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato.

Segundo Busato, as fazendas de algodão e unidades de beneficiamento certificadas pelos programas ABR e ABR-UBA são a garantia de segurança no ambiente de trabalho e condições de desempenho das atividades pelos trabalhadores rurais. "Não chegaríamos aonde chegamos se não tivéssemos trabalhado e avançado em nossos processos. Certamente, a cotonicultura ganhou novo impulso com a implantação dos programas e é esse trabalho permanente de toda a cadeia que torna a cultura uma das mais organizadas no País", afirma.

Busato atribui aos trabalhadores o avanço e o desempenho do agro brasileiro e lembra que, ao vestir ou comer um produto, há tecnologia embarcada, pesquisa científica envolvida em cada parte do processo, seja nas fazendas ou nas unidades de beneficiamento. E essa sistematização é fundamental para alimentar a produção e promover a geração de emprego e renda com proteção de direitos e do bem-estar dos trabalhadores rurais, destaca.

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