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Preço mínimo da pluma é reajustado para R$ 82,60

02 de Julho de 2021

Valor continua inferior ao custo médio de produção de algodão no país


O preço mínimo do algodão foi reajustado em 6,5% pelo governo federal. Com a correção, o valor da pluma foi para R$ 82,60 a arroba, abaixo dos R$ 92,00 solicitados pelo setor. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (1), durante reunião ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).


O valor proposto pelos cotonicultores representa o custo médio de produção do Brasil, calculado em seis estados produtores (BA, GO, MT, MS, PI e SP) pelo Cepea/Esalq, em parceria com a Abrapa e CNA. A metodologia utilizada é a de Custo Operacional Efetivo, que representa somente o desembolso do produtor no decorrer da safra, não considerando a depreciação e o custo de oportunidade.  O preço mínimo vigente até o momento, publicado no Plano Safra 2020/2021 era de R$ 77,45/@.


"Não é o que gostaríamos, mas é o que é possível no momento", avaliou Júlio Cézar Busato, presidente da Associação Brasileira dos produtores de Algodão (Abrapa) e da Câmara Setorial. "No ano que vem, vamos tentar chegar mais próximos do que realmente é o preço mínimo, caso a gente tenha que usar isso no futuro", completou.


Durante a reunião, as associações estaduais atualizaram os dados da safra 2020/2021, que já começou a ser colhida. A previsão é de uma produção de 2,45 milhões de toneladas da pluma, para uma área plantada de 1,369 milhão de hectares, com produtividade média de 1793 kg/ha – redução de 18% tanto no volume quanto na área em relação ao ciclo anterior. Segundo Busato, a expectativa para 2021/2022 é de retorno aos níveis de plantio da safra 2019/2020, de 1,6 milhão de hectares.


Mercado externo


A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) apresentou um panorama das vendas externas e do quadro internacional de oferta e demanda. Segundo a Anea, os embarques brasileiros somam 2,32 milhões de toneladas entre julho/20 e maio/21 - a atual temporada de exportações terminou em junho. "Com certeza, o ciclo fechará acima de 2,4 milhões de toneladas", afirmou Miguel Faus, presidente da entidade, lembrando que apenas em novembro e dezembro de 2020 o Brasil exportou 700 mil toneladas da pluma. "É um recorde e mostra o potencial que o Brasil tem", avaliou. Para a próxima safra, a estimativa de exportações é de 1,9 milhão de toneladas.


O presidente da Anea chamou a atenção para o aquecimento do consumo mundial, devido à recuperação das economias e ao progresso da vacinação em diversos países. Isso se reflete na estabilização dos preços na faixa de 85 cents/ libra peso. "É um patamar relativamente bom, historicamente falando", pontuou.


Promoção do algodão


No final da reunião, a Abrapa atualizou informações sobre as estratégias de promoção do algodão brasileiro no Brasil e no exterior. Marcelo Duarte, diretor para o mercado externo, falou sobre as ações do Cotton Brazil, programa focado no mercado asiático. A iniciativa foi lançada, em 2020, em parceria com a Apex-Brasil e a Anea, com apoio do Mapa e do ministério das Relações Exteriores (MRE), para mudar a imagem internacional da fibra brasileira e levar o país ao topo do ranking mundial de exportadores.


A percepção de que o algodão produzido no Brasil é inferior ao americano se reflete no basis, fazendo com que nossos produtores deixem de ganhar mais de R$ 1bilhão por safra.  "O Cotton Brazil tem a missão de aumentar nosso market share nos diversos mercados sem perder basis", resumiu Duarte. Neste sentido, o projeto tem como pilares a presença física na Ásia, forte atuação digital, marketing de relacionamento, eventos técnicos, missões de compradores e vendedores, parcerias estratégicas e uma sólida plataforma de Business Intelligence.


Na primeira fase do projeto, encerrada em junho, foram realizadas duas rodadas de eventos virtuais com potenciais compradores em oito países asiáticos. Também foram promovidas 9reuniões com embaixadas e outras 9 com entidades representativas do setor têxtil nos mercados-alvo.


No mercado interno, as ações ocorrem no âmbito do movimento Sou de Algodão, lançado em 2016 para promover o uso da fibra natural pela indústria têxtil brasileira por meio do incentivo ao consumo responsável. O programa já conta com mais de 600 marcas parceiras.  Silmara Ferraresi, gestora do Sou de Algodão, contou que o movimento contempla ações promocionais, de negócios e informacionais, que vão desde campanhas de comunicação até projetos voltados à ampliação da competitividade e ações em universidades.


"Uma atuação de posicionamento de toda a cadeia é muito importante", afirmou Silmara. "A questão não é só o quanto vamos crescer em área, produzir e vender mais algodão. A questão é, também, a maneira como a próxima geração vê a matéria-prima e o que a gente fornece, esta é nossa grande missão", resumiu.


A próxima reunião da Câmara Setorial está marcada para 8 de dezembro. O colegiado reúne todos os elos da cadeia têxtil.


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