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Cotton Brazil promove algodão brasileiro no mercado asiático

08 de Junho de 2021

Dados da safra 2020/2021 serão apresentados a potenciais compradores em nova rodada de webinars.


Os indicadores da safra 2019/2020 de algodão e as perspectivas para o ciclo 2020/21 serão apresentados aos principais mercados compradores durante todo o mês de junho, em uma rodada de webinars promovidos pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa):  a chamada Cotton Brazil Harvest 2021 Roundtable. Como quarto maior produtor e segundo maior exportador mundial da fibra – com uma produção prevista de 2,4 milhões de toneladas -, o Brasil abastece 100% do mercado nacional e 24% da indústria têxtil mundial.



A agenda de reuniões virtuais começa na quarta-feira (9) por Bangladesh. Na sequência, acontecem encontros com potenciais clientes da Turquia (10), Paquistão (14), Coréia do Sul (14), Vietnã (22), Indonésia (24) e Índia (29). Na China, o painel sobre a safra brasileira integrará a programação presencial da 2021 China International Cotton Conference, que acontecerá nos dias 17 e 18 de junho, em Suzhou. Juntos, os 8 países importaram 1,79 milhão de toneladas de algodão do Brasil no ciclo 2019/20.



Os eventos encerram a primeira fase do projeto Cotton Brazil, lançado em dezembro de 2020 com o objetivo de promover o algodão brasileiro no mercado asiático, destino de 99% das exportações da pluma produzida no país. A iniciativa é fruto de uma parceria do setor produtivo com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), com apoio da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) e dos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e de Relações Exteriores (MRE).



"O algodão é a prova da verdadeira revolução tecnológica da agricultura brasileira. Em duas décadas, o Brasil passou de importador a segundo maior exportador mundial. O Cotton Brazil mostra a excelência dessa cadeia produtiva ao mundo", afirma a ministra Tereza Cristina, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.



Após uma primeira rodada de encontros virtuais com os principais compradores de algodão do mundo, realizada entre dezembro de 2020 e março deste ano, o presidente da Apex, Augusto Pestana, explica que a nova campanha foi planejada para reforçar a excelência do produto brasileiro e alçar o Brasil à posição de principal exportador de algodão no mundo. "A parceria da Apex-Brasil com a Abrapa inclui inúmeras ações, de inteligência e de promoção comercial, com o intuito de aumentar as exportações brasileiras e comunicar os atributos de qualidade do nosso algodão", sintetiza.



O presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato, destaca que os embarques estão batendo recorde atrás de recorde. "A parceria com o governo brasileiro tem sido fundamental. Nossa meta é que o Brasil se torne o maior fornecedor mundial de algodão até 2030, reconhecido pela qualidade, sustentabilidade e padrão tecnológico do seu produto", afirma Busato.



Para Augusto Pestana, o objetivo é plenamente factível. "O Brasil desenvolveu, nos últimos anos, uma tecnologia adaptada a sua realidade e que o coloca em condições de igualdade aos seus principais concorrentes no mercado mundial", avalia o presidente da Apex.




Foco em novos mercados


 


A busca pelo mercado externo foi um caminho natural para os cotonicultores brasileiros. Nos últimos 10 anos, a produção cresceu vertiginosamente tanto em volume quanto em qualidade, resultado de investimentos em pesquisa e novas tecnologias, chegando a 3 milhões de toneladas de algodão no ciclo passado. O consumo da indústria têxtil nacional, no entanto, não acompanhou esse movimento e se manteve na média de 700 mil toneladas nos últimos anos.



O excedente de produção levou a Abrapa a prospectar novos mercados e divulgar a fibra brasileira no exterior, por meio da participação em eventos internacionais e da promoção de rodadas de negócios e missões comerciais.  Até 2019, foram realizadas inúmeras Missões Compradores, que trouxeram potenciais clientes estrangeiros para conhecer a cadeia produtiva e a qualidade da pluma produzida no Brasil. A associação também levou produtores brasileiros para conhecer o modelo de negócio e as necessidades dos principais destinos de algodão no mundo nas chamadas Missões Vendedores.



A estratégia, que terá continuidade após a pandemia, foi fundamental no processo de expansão das exportações.  A percepção sobre a fibra brasileira, no entanto, ainda não condiz com a realidade. "Pesquisas mostram que a imagem do Brasil está aquém da qualidade do algodão que produzimos", diz Marcelo Duarte, diretor de relações internacionais da Abrapa.



Estudo global publicado pelo U.S. Cotton em 2017 identificou os principais fatores relevantes para compradores internacionais e o índice de confiabilidade do algodão brasileiro em relação ao produzido na África, Austrália, EUA e Índia:



Índice de confiabilidade dos compradores internacionais de algodão em diversos fatores comerciais


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Fonte:https://cottonusa.org/uploads/documents/WhitePaper_CottonPreference_ENG.PDF


A imagem equivocada se reflete no preço. Mesmo com indicadores de qualidade superiores ou equivalentes aos dos Estados Unidos, nosso principal concorrente, o algodão brasileiro recebe até 12% a menos por tonelada da pluma que o norte-americano.  Segundo Marcelo Duarte, o Brasil está perdendo mais de R$ 1 bilhão de reais por ano. "O produtor está deixando de ganhar mais de 100 dólares por hectare", estima.



Para mudar esse cenário e acelerar a trajetória rumo ao topo do ranking mundial de exportadores, a cadeia produtiva se uniu ao governo brasileiro e lançou o projeto Cotton Brazil. "Temos que mostrar ao mundo quem somos, o que pensamos e o que fazemos", resume Júlio Busato. 


Cotton Brazil 


Resultado da parceria da Abrapa com Apex-Brasil, Anea, Mapa e MRE, o Cotton Brazil consiste na execução, de forma estruturada e integrada, de um plano de promoção internacional do algodão brasileiro, com foco nos nove principais países importadores da pluma: China, Bangladesh, Vietnã, Turquia, Paquistão, Indonésia, Índia, Tailândia e Coreia do Sul.


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O projeto é composto por várias frentes. Uma delas é o desenvolvimento e a implementação de branding do algodão brasileiro e de estratégias efetivas de comunicação baseadas em inteligência de mercado. Isso inclui uma forte atuação digital, com site em nove línguas e presença nas mídias sociais dos países-alvo.



Outra abordagem do Cotton Brazil é o estreitamento de relações diplomáticas e comerciais com entidades locais do setor. "Precisamos estar mais perto de nossos clientes atuais e potenciais", pontua Busato. Com esse objetivo, a Abrapa abriu um escritório em Singapura, um dos maiores hubs logísticos do sudeste asiático, centro financeiro e comercial da região.



A partir da base asiática, já foram realizadas diversas reuniões com embaixadas do Brasil nos mercados-alvo e com as principais lideranças locais do setor, como as associações têxteis API (Indonésia), VCOSA (Vietnã), APTMA (Paquistão), CITI e ICAL (Índia), SWAK (Coreia do Sul), BCA (Bangladesh), e CNCE (China).  O escritório regional também foi responsável pela primeira rodada de 10 eventos virtuais, denominados Cotton Days, que reuniriam mais de mil potenciais compradores.



Completa o projeto Cotton Brazil uma plataforma de Business Inteligence, que auxilia os gestores brasileiros na tomada das melhores decisões para seus negócios. A ferramenta reúne as principais informações e indicadores da cadeia produtiva do algodão no Brasil e no mundo, produzidas por Abares (Austrália), Câmara Setorial do Algodão e seus Derivados, Cepea, Comtrade, Cotlook, ICAC, ICE Futures, IMEA, ITC, Ministério da Economia e USDA.



O projeto já começa a apresentar resultados. "Visitamos a produção de algodão no Brasil e ficamos muito impressionados com todo o processo produtivo. Também ficamos satisfeitos com a transparência dos dados de qualidade. O Brasil é uma opção muito boa e os preços são competitivos", afirma Mirza Shorforaj Hossain, representante do - M Hossain Spinning Mills, de Bangladesh.



Lalit Mahajan, do grupo indiano Vardhman, conta que esteve no Brasil há cerca de 15 anos e a primeira impressão do algodão brasileiro não foi muito boa.  "Tivemos a impressão de que as análises de qualidade não era tão confiáveis. Agora, temos a firme convicção de que é um sistema robusto e recomendamos o algodão brasileiro ao nosso país", afirma.



Esta também é a percepção de Danish Naveed, do grupo paquistanês Indus Dyeing & Mfg Co Ltda. "As tecnologias Inovadoras que vi nas fazendas brasileiras estão aparecendo nos resultados. Estão fazendo um ótimo trabalho, focando na qualidade, e e se preocupam com seus clientes para fornecer o melhor produto que existe", avalia.



A mudança da imagem do algodão brasileiro se reflete em números. Na temporada 2019/2020, encerrada em agosto do ano passado, os embarques para os 9 países alvo do Cotton Brazil totalizaram 1,81 milhão de toneladas da pluma. O balanço parcial da temporada 2020/2021 já ultrapassa 2 milhões de toneladas.



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O diretor do Departamento de Agronegócio do Itamaraty, ministro Alexandre Peña Ghisleni, destaca que as exportações brasileiras da pluma cresceram 32% em valor e 28% em volume, nos primeiros quatro meses de 2021, na comparação com o mesmo período do ano passado.  "Crescemos e ampliamos a presença internacional, apesar da pandemia e da recessão que ela provocou em tantas partes do mundo. Temos orgulho, no Ministério das Relações Exteriores, de ser parte dessa história de êxito", afirma Ghisleni. "É um exemplo de parceria entre o Governo e o setor privado a ser mantido", avalia.



Com claras vantagens em relação aos principais concorrentes no mercado em termos de oportunidade de expansão de áreas, clima favorável, água e tecnologia de produção, o País tem plenas condições de expandir ainda mais o desenvolvimento da fibra brasileira em relação ao volume, à qualidade, à sustentabilidade e à rastreabilidade. "Com tecnologia avançada e produto de qualidade e sustentável, estamos no caminho para liderar o mercado global", acredita a ministra Tereza Cristina.


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