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Cotonicultores argentinos buscam modelo brasileiro para reorganizar o setor

26 de Maio de 2021

A trajetória dos cotonicultores brasileiros é exemplo para a estruturação da cadeia produtiva dos países vizinhos.  Em reunião com a Associação Argentina dos Produtores de Algodão (AAPA), nesta quarta-feira (26), a Abrapa mostrou como a organização dos produtores em associações levou o Brasil da posição de grande importador, nos anos 90, para segundo maior exportador e quarto maior produtor mundial da pluma.


No passado, a produção Argentina de algodão foi superior à brasileira. A realidade, hoje, é bem diferente. Enquanto o Brasil obteve 3 milhões de toneladas na safra 2019/2020,  os argentinos produziram 335 mil toneladas da pluma.  Criada há menos de dois anos, a AAPA busca a experiência brasileira para promover a expansão da cultura e defender os interesses dos cotonicultores locais. A aproximação é vista pelo presidente da Abrapa, Júlio Busato, como uma oportunidade para troca de informações e experiências. "Temos alguns problemas em comum e podemos tirar proveito de coisas que estamos fazendo", afirmou na abertura do encontro virtual.


O diretor executivo da associação, Marcio Portocarrero, apresentou dados da evolução do setor nas últimas décadas e explicou o papel da Abrapa e das associações estaduais nesse processo. Criada em 1999, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão vem atuando no planejamento e na coordenação de projetos estruturantes e de interesse dos cotonicultores.  As ações são executadas com o apoio das associações estaduais, responsáveis pelo relacionamento direto com os produtores. "O diálogo com o governo, por meio da Câmara Setorial do Algodão, tem sido muito importante", destacou.


O combate ao bicudo algodoeiro foi apontado como prioridade dos cotonicultores brasileiros. Em parceria com a Embrapa, a associação pesquisa uma variedade resistente à praga. "Podemos trabalhar juntos em estratégias para buscar soluções", propôs Portocarrero, alertando para o potencial de perda do bicudo, de 100% da produção. Citou, ainda, a experiência brasileira de controle biológico de pragas e doenças, por meio de cinco biofábricas das associações estaduais e do incentivo ao modelo on farm. "Há cerca de cinco anos, estamos investindo muitíssimo na substituição de químicos por biológicos. Temos um compromisso em melhorar a forma de produção e nos tornarmos mais eficientes e competitivos", frisou.


Como tendências da cadeia produtiva do algodão no Brasil, o diretor executivo da Abrapa mencionou o uso de ferramentas de precisão e inteligência digital e artificial, principalmente na aplicação de insumos, a busca por tecnologias limpas e a quantificação de carbono no sistema produtivo. Também destacou a maior transparência na rastreabilidade do algodão, desde o produtor até o consumidor final, com ênfase nas boas práticas em todas as etapas da cadeia produtiva.


Hector Linke, presidente da Associação Argentina dos Produtores de Algodão (AAPA), agradeceu as informações e manifestou interesse em trabalhar em parceria com os cotonicultores brasileiros. "Queremos seguir os passos do Brasil, estar associados e trabalhar em conjunto para que o algodão cresça na Argentina como vocês cresceram", afirmou Linke.


Além de outros representantes da (AAPA), a reunião contou com a presença de Carlos Almiroty, presidente da Câmara de Algodão Argentina, e Mauricio Tcach, do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina.

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