⬆Algodão em NY - Os rumores da semana passada de compras da China mostraram-se coerentes após a divulgação das vendas externas dos EUA esta semana. As vendas semanais dos americanos foram de surpreendentes 97 mil toneladas, com quase a totalidade para os Chineses. Apesar destas compras a princípio indicarem movimentação de estoques e não aumento de uso da fibra, os contratos de algodão negociados na Bolsa de NY (ICE) tiveram mais uma semana de alta. Os preços da pluma subiram 2,1% esta semana, com alta acumulada de 14,5% no mês de abril.
China - Segundo fontes no país asiático, as compras desta semana foram feitas por duas estatais (Chinatex e CNCGC) e não pela Reserva do governo. Praticamente todas as compras Chinesas foram de algodão americano, possivelmente por razões geopolíticas. Importante acompanhar estes movimentos, pois até o mês de Mar/20, o Brasil era líder nas exportações de algodão para o maior importador do mundo.
Webinar Abrapa - A Abrapa realizou nesta segunda (27/4) o debate Reflexos do Covid-19 no Mercado Global de Algodão. O evento virtual foi o primeiro do Ciclo de Debates: Promoção e Presença do Algodão Brasileiro no Exterior, realizado em parceria com Apex Brasil e Anea.
Consumo Global - O palestrante do evento, Marcos Rubin (Agroconsult) destacou que a recessão na economia global causada pela Covid-19 está afetando muito o mercado de algodão. Segundo ele, a demanda global, que estava em patamares de 26 milhões de toneladas no ano comercial de 2018/2019, deve cair para cerca 22,3 milhões de toneladas em 2019/20. "A diferença, cerca de quatro milhões de toneladas, equivale a quase uma safra americana".
Área Plantada - Por outro lado, Rubin também destacou que a área plantada global de algodão deve encolher em torno de 12% na safra 2020/21 como resposta aos menores preços. A estimativa é que a área global caia de 33,8 para 29,7 milhões de hectares. O plantio da safra 20/21 está começando nos principais produtores do mundo: EUA, China e Índia.
Área 20/21 - Milton Garbugio, presidente da Abrapa, manifestou sua preocupação com a tendência do Brasil também reduzir área devido à queda de preços causada pela recessão global. Porém, diante da crise, Garbugio também vê oportunidades. "Acreditamos que haja muito boas perspectivas, mesmo nessa turbulência, e estamos trabalhando nelas. Somos obrigados, agora, a entender não apenas de produzir e vender a fibra. Temos de pensar em termos de geopolítica", concluiu Garbugio.
Safra 2019/20 - A Abrapa divulgou a estimativa de produção de algodão na safra 19/20. Segundo a entidade, a produção 19/20 deverá ser ligeiramente (3%) superior à última safra: 2,87 milhões de toneladas, em uma área de 1,62 milhões de hectares, com produção de 1.771 kg de pluma por ha. Mato Grosso (69%) e Bahia (21%) seguem como os principais produtores nacionais.
Plantio - O USDA divulgou esta semana mais um relatório sobre o progresso do plantio para a safra 2020/21. Já foram plantados 13% da área, um pouco acima da média dos últimos cinco anos: 11%. O Texas, maior produtor americano, já plantou 18%. Apesar do USDA considerar que o país plantará a mesma área da última safra, muitas estimativas privadas consideram uma queda na área.
Exportações - O Brasil exportou 24 mil toneladas de algodão em pluma na quarta semana de abril. O total exportado em abril/20 até a quarta semana foi de 72,4 mil tons. A ANEA revisou os números previstos de exportação de algodão brasileiro esta safra, de 2,05 milhões, para 1,95 milhões de toneladas. Mesmo com a revisão, este número é de longe o maior da história.
Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.