Os subsídios conferidos por alguns países aos produtores de algodão e os impactos da prática sobre o comércio da commodity foram assuntos-chave que a delegação brasileira levou, nesta segunda-feira (7), para Genebra, na Suíça, durante o lançamento do Dia Mundial do Algodão, realizado na sede da Organização Mundial dos Comércio (OMC). O tópico foi destacado no discurso da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, que também enfatizou a importância sócio econômica da cotonicultura para o país e o caráter sustentável da atividade, que fazem do Brasil o principal fornecedor de pluma reconhecidamente produzida dentro de parâmetros corretos pelo conceito da sustentabilidade. O vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Júlio Cézar Busato, o presidente do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), Haroldo da Cunha, e o produtor Paulo Shimohira participaram da solenidade e dos painéis integrantes da programação.
O lançamento foi uma iniciativa do Cotton-4 (Benin, Burkina Faso, Chad e Mali), em colaboração com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), com a United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD), o International Trade Centre (ITC) e o International Cotton Advisory Committee (ICAC).
“O PIB da cadeia produtiva do algodão do Brasil é de cerca de US$ 74,11 bilhões, considerando as vendas de produtos de confecção. A cadeia gera emprego e renda para 1,2 milhão de trabalhadores”, disse Tereza Cristina. A ministra ressaltou que o "bom funcionamento do comércio internacional, sem distorções, é fundamental para o desenvolvimento de setores produtivos agrícolas, como o do algodão. Por essa razão, o Brasil tem sido um membro ativo na OMC, sempre buscando fortalecer o papel conciliador da organização, pautado por isenção e equidade”.
Ela reafirmou o comprometimento do setor produtivo brasileiro com a sustentabilidade ambiental, lembrando que o Brasil é líder mundial na certificação socioambiental de algodão, com mais de 80% da produção certificada. A ministra lembrou que, em 20 anos, a produção nacional de algodão cresceu 226% e, na safra 2017/18, o Brasil colheu 2,2 milhões de toneladas de pluma, 11% da produção mundial.
Segundo o vice-presidente da Abrapa, e também presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Júlio Busato, a fala da ministra reflete hoje um dos maiores problemas enfrentados pelos cotonicultores do Brasil. “Com os preços em baixa, a remuneração do produtor está no nível do custo de produção. Essas distorções têm impacto grande. Sabemos não apenas que alguns países mantêm esses subsídios, como o quanto eles investem em suas políticas de incentivo. Já vencemos os Estados Unidos numa batalha histórica num passado recente contra esse mesmo problema. Estamos trabalhando junto com o Governo Brasileiro para trabalhar por uma solução em favor de um comércio internacional justo”, afirmou Busato.
Data a comemorar
O presidente da Abrapa, Milton Garbugio, se pronunciou sobre a data. “Celebrar o Dia Mundial do Algodão é fazer justiça à fibra que acompanha a humanidade desde o início da história. É também um marco importante para que essa mesma humanidade possa pensar suas ações hoje, de modo a garantir que haja um futuro. Escolher algodão é comprometer-se com um matéria-prima sustentável e dignificante. No Brasil, nós, produtores, nos comprometemos a cultivá-la visando a garantir qualidade, volume e constância na oferta, de forma comprovadamente correta, seja social, ambiental ou economicamente falando. Queremos ajudar a assegurar que esta e todas as futuras gerações serão beneficiadas pelas nossas escolhas hoje, e poderão desfrutar da fibra sempre. Apoiamos esta ideia com força e entusiasmo”, concluiu.