Teve início na manhã desta terça-feira, 27 de agosto, a 12ª edição do Congresso Brasileiro de Algodão (CBA). Na solenidade de abertura do evento, que reúne esse ano em Goiânia mais de dois mil inscritos vindos de 20 países e 21 estados brasileiros, o presidente da Abrapa, Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, Milton Garbugio, destacou que "produzir muito não basta. É preciso produzir com qualidade e eficiência do jeito certo e no tempo certo pra agradar quem vende e quem compra nosso algodão."
Na sequência, o diretor da Agência Brasileira de Cooperação – ABC, Embaixador Ruy Carlos Pereira, endossou a fala do presidente da Abrapa acrescentando a importância da reflexão sobre o futuro do setor através da cooperação técnica do Brasil com outros países da África e da América Latina, "fortalecendo as parcerias entre produtores e institutos de pesquisa objetivando o uso da fibra natural frente aos sintéticos, que em tempos de sustentabilidade não deixa dúvida de que o algodão é a melhor solução." O embaixador aproveitou para desejar votos de êxito no evento, que se reveste de grande importância, aprendizado e debate para buscar soluções para os desafios, aprimoramento de políticas públicas e ações no setor algodoeiro.
Também subiram ao palco o Secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás, Antônio Carlos de Sousa Lima Neto representando o governador do estado, Ronaldo Caiado; e o deputado José Mario Schereiner, Presidente do Sistema FAEG/SENAR, representando o Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, João Martins. Na oportunidade, quando a Abrapa comemora seus 20 anos de existência, foram homenageados os ex-presidentes da Associação, João Luiz Ribas Pessa, Jorge Maeda, Eduardo Logemann, João Carlos Jacobsen Rodrigues, Haroldo Rodrigues da Cunha, Sérgio de Marco, Gilson Pinesso, Arlindo Moura e o presidente da atual gestão, Milton Garbugio.
A Associação comemora esse ano duas décadas de trabalho incessante em busca da defesa dos interesses dos produtores de algodão e da qualificação da cotonicultura no país. Os resultados começaram a aparecer em 2001 quando o Brasil garantiu a autossuficiência da produção e abastecimento da indústria nacional. Hoje, o país é o quarto maior produtor e segundo exportador da fibra para os mercados mais exigentes do mundo. A safra 2018/2019, que ainda está sendo colhida em 1,6 milhões de hectares, aponta uma produção de 2,1 milhões de toneladas de plumas de algodão para exportação, segundo dados da Abrapa. Somados a esse número estão 700 mil toneladas de pluma com destino ao abastecimento do mercado interno, de acordo com a Abit, Associação Brasileira da Indústria Têxtil.
Marcaram presença na abertura, ainda, presidentes das associações estaduais de algodão, secretários de estado, presidentes de entidades, presidentes das empresas parceiras do setor, parlamentares, sindicatos rurais e imprensa.
ASPAS EXTRAS
Ruy Carlos Pereira - Agência Brasileira de Cooperação Técnica - ABC
"Cooperação técnica para nós é transmissão de conhecimento. A cooperação técnica no Brasil ajuda a identificar pragas e a prevenir doenças, através do compartilhamento de informações fitotécnicas."
Antônio Carlos Lima Neto - Secretário de Agricultura de Goiás
"Muito orgulho de ter um evento como esse no estado de Goiás. Isso é reflexo da força do algodão no nosso estado. Tecnologia, disponibilidade de área e participação de todos os produtores rurais, são elementos que tornam o ambiente favorável para fortalecer cada vez mais o desenvolvimento da cadeia produtiva."
José Mário Schreiner – Deputado e Presidente do Sistema FAEG/SENAR
"Uma jovem entidade de apenas 20 anos já contribuiu tanto com a cotonicultura brasileira. Há 20 anos o algodão estava praticamente dizimado. Através de aspectos sanitários, expansão da ciência, desenvolvimento de programas de sustentabilidade ambiental, hoje essa é a cadeia produtiva mais organizada do país."
Primeira plenária do 12º CBA reúne líderes do setor para discutir o desafio da safra recorde de 2,8 milhões de toneladas
Um Raio-X da safra 2018/2019: ônus e bônus de uma safra recorde foi o tema da primeira Plenária Master do 12º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), que teve início nesta terça-feira (dia 27), no Centro de Convenções de Goiânia. Mediado pelo analista da Agroconsult, Marcos Rubin, o debate contou com a participação do presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Milton Garbugio, do presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Julio Cézar Busato, do vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Eraí Maggi Scheffer, do presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), Carlos Moresco, e do presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Henrique Snitcovski.
Abrindo as discussões, Marcos Rubin destacou que o setor do algodão cresceu nos últimos três anos mais de duas vezes, com safra inédita estimada em 2,8 milhões de toneladas de pluma em 2018/2019. "Isso é muito benéfico, mas gera desafios, porque não se consegue crescer sem fazer investimentos, que precisam ser pagos ao longo do tempo. Também é preciso treinar equipes, ajustar operações, combinar com clientes. São questões inerentes ao crescimento não só no setor do algodão, mas em qualquer outro" destacou.
Entre os desafios elencados pelo analista, se destacaram a oferta global excedendo a demanda, a guerra comercial, que aumentou a competição entre Brasil e Estados Unidos, uma vez que este último está fora do mercado chinês, além da necessidade de aumentar a exportação, da falta de subsídios, da dependência da taxa de câmbio e de questões sanitárias.
"Este é um setor organizado e muito bem representado pelas associações, o que facilita o enfrentamento das 'dores do crescimento' da forma mais suave possível. O grande desafio tem sido, e vai ser ainda mais, posicionar o algodão brasileiro nos clientes; ser não só competitivo em preço, mas ter eficiência dentro das propriedades. Precisamos mostrar quem somos e brigar por mercado", salientou Rubin
Segundo Milton Garbugio, em função do rápido crescimento do volume da produção brasileira, a Abrapa vem buscando participar cada vez mais do mercado internacional. "Temos que ser eficientes, buscar cooperação com os governos estaduais e federal, mas, principalmente, promover nosso algodão lá fora, o que já é feito hoje. Nosso foco é aumentar a confiabilidade de nossos clientes" disse o presidente da associação.
Para Henrique Snitcovski, da Anea, é importante ressaltar a evolução do setor nas últimas duas décadas. "Há 20 anos o Brasil produzia apenas para cobrir a falta do algodão no segundo semestre. Hoje temos regularidade para atender o mercado ao longo de todo o ano", colocou, enfatizando que isso só foi possível graças à crescente cooperação com as associações de produtores. Otimista, o presidente da Abapa acredita que os maiores desafios ficaram no passado. "Hoje já somos 2º exportador do mundo e quarto maior produtor mundial. O mercado está aí. Temos de nos tornar conhecidos, mostrando nosso produto e diferenciais, como o sistema de análises de laboratório, dentre outros. Vamos conquistar espaço, apresentando quem somos e o que o fazemos", disse Busato.
Na avaliação do vice-presidente Ampa, Eraí Maggi, o importante agora é que cada um faça seu dever de casa. "Ao longo dos últimos anos, as associações já tiveram um trabalho muito árduo, desde a lavoura à prospecção de mercado, e conseguiram consertar muitos problemas. Temos agora que continuar com nosso trabalho", destaca Maggi. Provocado sobre o valor estimado algodão de US$ 0,60 libra-peso, Carlos Moresco disse que o desafio não é fácil, mas é possível vencê-lo. "Concordo com Eraí. O que precisamos é fazer levar essas discussões para o campo e fazer nosso dever de casa", afirmou presidente da Agopa.
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Ricardo Amorim aposta no crescimento do agro apesar das crises internacionais
O consultor acredita que há grandes chances de crescimento para o setor do agronegócio no Brasil, a menos que haja uma recessão da economia global e que a crise diplomática instaurada recentemente, em decorrência das declarações do presidente Jair Bolsonaro, em relação às queimadas na Amazônia, se agrave.
Eleito pela Revista Forbes como um dos 100 brasileiros mais influentes e o economista mais reconhecido do Brasil, o consultor Ricardo Amorim foi destaque na agenda do primeiro dia do 12o Congresso Brasileiro de Algodão. À frente da plenária das 11h45 do dia 27 de agosto, o apresentador do programa Manhattan Connection, da Globo News, e CEO da Ricam Consultoria, apresentou ao público do evento uma análise sobre o agronegócio brasileiro no contexto da guerra comercial e da recuperação da economia.
Amorim prevê uma aceleração da economia a partir do ano que vem, graças a fatores como a aprovação final da reforma da Previdência, a expectativa de avanço da reforma tributária, além da, recentemente aprovada, Medida Provisória que facilita a abertura de negócios no Brasil e do programa de privatização anunciado pelo Governo Federal. Para Ricardo, se não houver uma crise global de impacto maior, o país irá iniciar um novo ciclo de crescimento, atraindo investimentos externos. "Tendo por base a inovação, acredito que este é o momento certo para o agronegócio", aposta.
O consultor acredita ainda que a guerra comercial dos Estados Unidos com a China deve contribuir para impulsionar as exportações brasileiras para o gigante asiático. Ele alerta, no entanto, para o risco de que esta mesma guerra comercial possa levar a economia mundial a uma recessão, com impactos negativos para todos. "Neste caso, porém, os prejuízos serão maiores para o agronegócio americano do que para o Brasil, porque nós aqui temos um mecanismo embutido de proteção, que é a desvalorização do real que ocorre quando há algum tipo de piora na economia mundial", salienta.
O segundo maior risco para o setor, na opinião do economista, está relacionado à repercussão negativa dos pronunciamentos do presidente Jair Bolsonaro sobre a Amazônia, na semana passada. "A motivação por trás das declarações do Bolsonaro está correta, mas a forma como ele falou é que foi completamente errada. Não é brigando e falando mal da mulher do presidente de outro país que você conseguirá mudar o que o outro pensa. Isso não funciona. As declarações que foram feitas colocam em risco as exportações brasileiras. O que a gente tem que fazer é um bom trabalho de comunicação para a opinião pública externa e, sobretudo, interna; temos que trazer informação sem brigar com ninguém. Os brasileiros e o setor agro fazendo isso só terão a ganhar", alerta Amorim.
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Conhecendo os custos e riscos como ferramenta de gestão
A sala "Custos e riscos de sistemas produtivos de algodão e de culturas concorrentes por área" teve como debatedores o Professor Doutor Lucílio Alves, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA),da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), o diretor de Operações da empresa de produção e comercialização de commodities agrícolas O Telhar Agro, Edson Vendruscolo, do estado de Mato Grosso, e o produtor rural Paulo Almeida Schmidt, da Bahia. Em pauta, o que os especialistas entendem como "única ferramenta que o produtor tem gestão sobre a sua rentabilidade": o controle de custos, com uma análise histórica da evolução da produção, área e produtividade, apresentando um panorama da safra 2010/2011, considerada a melhor da história do algodão do Brasil, até a 2017/2018. Neste período, o Mato Grosso aumentou sua produção em 90%, enquanto na Bahia, praticamente, não houve crescimento.
Condutor da sala, Lucílio Alves apresentou uma análise de comportamento dos riscos da cotonicultura, justificando uma evolução de área muito maior no Mato Grosso do que na Bahia. Edson Vendruscolo e Paulo Schmidt detalharam os custos tanto da safra atual, como as perspectivas para a próxima safra. "Já tínhamos indicativos de um risco muito maior na Bahia que no Mato Grosso, em virtude de fortes choques de clima e também de pragas e doenças. Além disso, outro fator, a mudança de cultivo da primeira para a segunda safra no Mato Grosso. Esse modelo reduziu o risco da atividade em virtude de um custo menor e também porque a soja passou a ser uma cultura agregada ao sistema e não mais concorrente", explica Alves.
Segundo o professor, a Bahia tem custo maior que o Mato Grosso e a segunda safra do Mato Grosso tem custo menor que a primeira por ser mais curta. Atualmente, de 85 a 90% da área de algodão no Mato Grosso está em segunda safra. "Conhecer a fundo os nossos custos é a diferença entre continuar ou não na atividade. E isso é muito mais que saber o quanto gastamos com insumos, por exemplo. É preciso colocar aí taxas, juros, custos com combates às pragas, gastos com logística e armazenagem e o quanto deles pode ser compartilhado entre diferentes culturas, como soja e milho, por exemplo", disse Vendruscolo.
O produtor Paulo Schmidt é agricultor no Oeste da Bahia desde a década de 80. Em sua fala ele destacou o aumento de custos por incidências de pragas como lagartas, ramulária, nematoides e o bicudo do algodoeiro. "A cada safra nossos custos ficam mais altos à medida que as tecnologias evoluem. Hoje não tenho certeza de quem está ganhando a briga, se o BT ou a lagarta. Não tem como escapar", queixa-se. O produtor alerta para o risco de diminuição do tempo de vida de moléculas comprovadamente eficazes e mais baratas contra o bicudo pelo uso prolongado e intensivo contra a praga, cada vez mais forte.
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Inovações científicas em genética do algodoeiro pautam sala temática no 12º CBA
A cotonicultura como vitrine para a agricultura do amanhã, é o cerne do 12º Congresso Brasileiro do Algodão - CBA, aberto hoje (27) e segue até quinta-feira (29), no Centro de Convenções de Goiânia. E por falar em futuro, as inovações científicas em genética do algodoeiro, manipulação genética da planta e a seleção genômica, com uma abordagem voltada para o melhoramento genético foram tratados na sala temática que teve como palestrante o pesquisador do Instituto Mato-grossense do Algodão – IMAmt, Alberto Souza Bolt.
Apresentada para técnicos, a abordagem, segundo o pesquisador, foi fazer com que as pessoas percebam como o melhoramento genético vem avançando e também apresentar a transgenia no algodão, com novas abordagens em escala comercial e em pesquisa. "O melhoramento é essencial para a cultura do algodão, sem ela não existiria tanto avanço na qualidade e na produção", ressalta Bolt.
Traçando um paralelo entre passado e presente sobre transgenia e seleção genômica, Alberto Souza explicou que a primeira era pautada na inserção de genes de espécies diferentes, a exemplo da introdução de gene de bactéria para eliminar uma praga. "Hoje em dia já existem tecnologias diferentes que permitem a adição do próprio genoma do algodão". Sobre seleção genômica, ele explica "no passado, o melhoramento era feito de maneira convencional, a seleção genética era feita com base no fenótipo da planta, o que era visto e hoje em dia, temos a capacidade de fazer uma seleção genética baseada no DNA da planta".
A sala foi coordenada pelo pesquisador do Centro Francês de Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento Internacional - CIRAD, Marc Giband.
Alberto Souza Bolt é formado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Possui mestrado e doutorado em Genética e Melhoramento, ambos pela Universidade Federal de Viçosa. Atualmente é pesquisador do Instituto Mato-grossense do Algodão – IMAmt no setor de genética do algodoeiro.
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Pragas emergentes e ocasionais são tema de debate no 12º Congresso Brasileiro do Algodão
As mesmas vantagens de clima e solo que fazem do Brasil um terreno propício para uma agricultura intensa e de amplo número de culturas também favorecem o surgimento de doenças e pragas, tanto permanentes quanto esporádicas. A frase é do professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus Ilha Solteira, Geraldo Papa, que coordenou, nesta terça-feira (dia 27), a Sala Temática Pragas Emergentes e/ou Ocasionais, dentro da programação do 12º Congresso Brasileiro do Algodão.
Na sala temática, foram abordadas as questões relativas ao crescimento da incidência de tripes, aumento dos percevejos dos tipos castanho e marrom e a ocorrência das lesmas e caracóis. Este último assunto, abordado pelo coordenador da sala. Na sua apresentação, o professor explicou os danos causados por esses animais às plântulas, hastes e pecíolos. "Eles raspam o tecido do caule e até mesmo das folhas, causando estragos semelhantes aos dos insetos, e levando à morte das plantas".
A ocorrência de lesmas e caracóis, classificados como pragas ocasionais, é favorecida pela umidade e matéria orgânica de plantios próximos. As formas de evitar seu aparecimento ou disseminação envolvem o controle mecânico em reboleiras e a dissecação prévia de áreas já infestadas.
O tema Percevejo castanho da raiz e percevejo marrom invasor foi abordado pela pesquisadora da Fundação de Apoio a Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso Lúcia Vivan, que é especialista em entomologia na área do Cerrado. Com maior crescimento registrado nos últimos anos, a tripes é considerada uma praga emergente. O assunto foi apresentado pelo professor e pesquisador Marcos Tamai, da Universidade do Estado da Bahia, Campus Barreiras.
Uso do controle biológico na cultura do algodão é analisado durante o 12º CBA
Na próxima década, as ferramentas de combate das pragas do algodoeiro vão passar pelo Controle Biológico (CB). Essa é a aposta dos pesquisadores Pedro Neves, Fábio Albuquerque e Luciano Brauwers que falaram sobre "Panorama e Potencial de Uso de Agentes de Controle Biológico na Cultura do Algodoeiro", na tarde desta terça-feira, 27, durante o 12º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA). Para eles, o controle biológico oferece diversas ferramentas para conter o avanço de pragas e doenças que comprometem a sustentabilidade da cultura do algodão, além de já ser um negócio consolidado no Brasil e em boa parte do mundo.
Os três especialistas são unânimes ao afirmar que o controle biológico é parte de uma estratégia que inclui o Manejo Integrado de Pragas (MIP), aliando controle químico e biológico para a solução contra as pragas. "Trata-se de uma tecnologia de utilização complexa, que exige filosofia de treinamento e aperfeiçoamento constantes, conforme as condições de campo", diz Luciano Brauwers, enfatizando que o CB não deve ser usado sozinho para ter viabilidade tanto em pequenas quanto em grandes propriedades.
Para Pedro Neves, o tema não é novidade no Brasil, mas, precisa de ajustes. "O controle biológico começou a ser utilizado enquanto produção "on farm", diante da falta de produtos comerciais para controle de pragas. Porém, com algumas questões relacionadas aos custos, logística e legislação a serem melhorados", conta. Segundo ele, entre os principais problemas, estavam as contaminações, a saúde do agricultor, a perda de eficiência e virulência da ferramenta, além da pirataria. "Com o tempo, as condições foram sendo aperfeiçoadas e hoje há assistência técnica especializada, utilização de equipamentos seguros, treinamento na produção, financiamento por associações e órgãos de fomento e controle de qualidade", enfatiza.
A consolidação da ferramenta, de acordo com o especialista Fábio Albuquerque, passa pela informação. Segundo ele, o CB avançou de 20 a 25% entre os pós-graduados brasileiros, demonstrando o aumento do interesse pelo tema na última década. "Apesar de toda a burocracia, a legislação melhorou e há mais consciência dos produtores. Mas, cerca de 47% deles ainda não usa adequadamente a ferramenta porque não entende que ela deve entrar como parte integrante do sistema algodoeiro, potencializando outros métodos de controle", finaliza Albuquerque, ressaltando que ainda é preciso caminhar, prospectar e avançar mais.
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Sala temática Nutrição do Algodoeiro
Qual a dinâmica do impacto do boro na cultura do algodão? Como as tecnologias para fertilizantes nitrogenados agregam eficiência na adubação do algodoeiro? Quais os cuidados que devem ser tomados na introdução do plantio em novas áreas? Os temas estiveram em pauta na tarde de hoje (27.08) na sala temática Alguns dos desafios da nutrição do algodoeiro, que integrou a programação do 12o Congresso Brasileiro de Algodão, que acontece no Centro de Convenções de Goiânia, em Goiás, até esta quinta (29.08).
Com a coordenação do agrônomo Leandro Zancanaro, da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), a sala temática trouxe orientações úteis para os produtores rurais trazidas por pesquisadores. Professor da Faculdade de Ciências Agronômicas, da UNESP, o agrônomo Ciro Rosolem forneceu uma visão geral sobre o uso do boro na fertilização do algodoeiro. "A cadeia do algodão está muito preparada para lidar com a deficiência do boro, mas é preciso pensar também na toxidez", alertou o pesquisador, ao chamar a atenção para a dose adequada na fertilização.
Outro convidado da sala foi o professor do Departamento de Ciência do Solo da Universidade Federal de Lavras (DCS/UFLA), Douglas Guelfi, que apresentou um panorama das tecnologias para fertilizantes nitrogenados. De acordo com Douglas, o Brasil é o quarto maior consumidor deste tipo de fertilizante do mundo, com 425 milhões de toneladas ao ano. "A forma mais antiga de aplicação destes fertilizantes é por incorporação, mas em condições climáticas adversas, podem ocorrer grandes perdas, principalmente por volatização", afirmou o pesquisador. Daí, segundo ele, a vantagem das tecnologias que garantem mais flexibilidade na aplicação do fertilizante, independente das condições climáticas.
A sala temática contou ainda com a participação do coordenador geral de pesquisa, diretor técnico e sócio-proprietário da Sigma Soluções Agronômicas Ltda, Nilvo Altmann, que falou sobre a introdução de algodão em áreas novas, destacando aptidões, cuidados e oportunidades.
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Aumento da produtividade sem custo e controle de pragas são os destaques do Panorama da Safra na visão do GBCA
Os consultores que integraram o debate sobre o panorama da safra abordaram os desafios da cotonicultura nos próximos anos, com destaque para o aumento da produtividade sem aumento de custo e a importância do controle de pragas através da cooperação entre os produtores de algodão.
Especialistas do setor agro estiveram reunidos no início da tarde desta terça, dia 27 de agosto, para traçar o "Panorama da safra na visão do Grupo Brasileiro de Consultores do Algodão, GBCA", tema abordado neste primeiro dia do 12º Congresso Brasileiro do Algodão. O agrônomo, entomologista e pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná, Iapar, Walter Jorge dos Santos, coordenou a sala temática, que teve entre os palestrantes, o engenheiro agrônomo pela ESALQ/USP e consultor, Evaldo Takisawa, sócio proprietário da Ceres Consultoria. Ele destacou a importância do produtor não procrastinar e agir rápido na solução dos problemas apresentados na lavoura. "Sempre falo que quem manda é a planta. O produtor precisa escutá-la e obedecê-la. Ouvir o campo e fazer tudo o que for importante é fundamental", acredita.
Na sequência, o engenheiro agrônomo Jonas Guerra, da Guerra Consultoria, destacou a importância do Congresso "É um fórum bastante interessante num momento delicado que o país está vivendo", disse ele, destacando os números que envolvem o estado do Mato Grosso, que nesta safra tem a previsão de produzir de 1.6 milhões de toneladas de algodão em pluma. O desafio do aumento da produtividade sem aumento do custo para os produtores foi o tema central abordado por Guerra. "Devido às pragas, doenças, ervas daninhas e erros no meio do caminho só conseguimos produzir até agora 50% do que temos capacidade. Nós temos que avançar, aumentar a produtividade sem custo utilizando apenas a interferência no ambiente local, fazer com que a planta tenha o manejo correto para a penetração do CO2, adubo que está de graça na nossa atmosfera. Não tenham medo de aumentar a produtividade. Temos que ter no nosso armazém uma grande quantidade de produtos estocados para vender", ressaltou.
O engenheiro agrônomo baiano Ezelino Carvalho, da Equipe Consultoria Agronômica, apresentou um panorama da safra de algodão na Bahia, destacando o grande número de variedades plantadas e as dificuldades na uniformização de lotes para venda. Carvalho abordou ainda a importância do manejo fitossanitário com o trabalho cooperativo entre os produtores para o controle de pragas resistentes como o bicudo. "Se não fizemos o dever de casa, vamos ter problemas com essa praga de difícil controle. Os agricultores precisam cooperar uns com os outros, senão ninguém vai chegar no fim da estrada, todos ficarão pelo caminho. O trabalho cooperativo é fundamental", alerta. O agrônomo falou, também sobre biotecnologias, investimento em qualidade, em manejos de resistência de produtos e tecnologias e programas fitossanitários.
Encerrou o encontro, o engenheiro agrônomo, mestre em agronomia, e doutor em genética e melhoramento de plantas, Eleuzio Curvelo Freire, da Cotton Consultoria. Para ele, os estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais são exemplos a serem seguidos por outros estados produtores. "Tem que seguir o exemplo desses pioneiros que fizeram esse trabalho todo no cerrado. Hoje, alimentamos 20% da população do mundo e, digo a vocês, que são as fazendas do Brasil que vão alimentar 50% da população mundial", finalizou.
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Gestão técnica e operacional das lavouras lota sala temática do 12º CBA
Especialistas do setor discutem os desafios técnicos e operacionais das lavouras de algodão nessa sala temática que registrou grande procura por parte do público presente no primeiro dia da 12ª edição do Congresso Brasileiro do Algodão.
Fechando a segunda rodada de salas temáticas deste primeiro dia do 12º. Congresso Brasileiro do Algodão aconteceu o debate sobre os "Desafios da gestão técnica e operacional das lavouras de algodão". Sob a coordenação da engenheira agrônoma e pesquisadora da Embrapa Algodão, Ana Luiza Borin, especialistas do setor trataram de assuntos relevantes tais como o uso de produtos químicos nas lavouras; a tendência do uso de insumos biológicos no controle de doenças; a necessidade de qualificação dos profissionais envolvidos no cultivo do algodão; a gestão da informação, da produtividade, do clima, entre outros.
"Hoje o grande problema do algodão são os nematoides. Perco grande parte da minha produção por causa deles. A única solução que enxergo é o uso dos biológicos. Contudo, tem muita coisa a ser feita, ainda estamos engatinhando, mas acho que esse é um caminho sem volta", diz Inácio Modesto Filho, engenheiro agrônomo e diretor técnico de agricultura do Grupo Bom Futuro.
O gerente regional Centro Oeste da SLC Agrícola, Marcio José da Silveira, divide a mesma opinião ressaltando que os produtores precisam trabalhar mais com os biológicos. "Isso é o futuro porque o algodão necessita de muita aplicação de químicos e, se nós não começarmos a trabalhar com produtos menos agressivos, a tendência é aplicarmos mais e mais produtos químicos", aponta. Ana Luiza Borin complementou que o insumo biológico não tem a praticidade do uso dos químicos, exigindo dos produtores uma readequação em relação ao uso desses insumos nas lavouras.
O planejamento e a condução das lavouras com as experiências do Grupo Bom Futuro, da SLC Agrícola e do Grupo Schlatter foram abordados pelos representantes destas empresas, que também destacaram o planejamento técnico da produtividade e a importância da gestão do clima no cultivo do algodão com o uso de geodrones e pluviômetros que permitem ao produtor tomar as melhores decisões sobre atividades relacionadas ao clima. "Isso nos ajudará a ser mais assertivos. Ainda estamos numa escala pequena, em apenas duas fazendas, mas queremos instalar pluviômetros em todas as unidades", prevê Márcio, da SLC Agrícola.
Apesar do uso destas tecnologias, André Luís da Silva, do departamento técnico do Grupo Schlatter alerta que está acontecendo uma má distribuição da chuva e, segundo ele, a cada ano está ficando pior. "Para amenizar esse risco é preciso fazer um perfil, na medida do possível, com o planejamento financeiro disso", avalia.
Na lista dos assuntos em pauta, esteve ainda o uso de plataformas tecnológicas de monitoramento em tempo real visando mostrar a qualidade das operações, medindo a eficiência com resultados satisfatórios. "Tivemos a primeira experiência com o sistema Terravion que produz imagens aéreas semanais, mapas de calor, sensor térmico, infravermelho, o que te permite programar sua aplicação localizada. Sem dúvida, são ferramentas que ajudam a entender o desenvolvimento da lavoura e ganhar produtividade", explica o agrônomo Severo Amoreli de Figueiredo Filho.
Pesquisadores apresentam avanços
da mecanização na cultura do algodão
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A mecanização está presente em todos o processo de produção de algodão, da preparação do solo à colheita passando pelo plantio e beneficiamento, com impacto em fatores tão diferentes quanto qualidade, produtividade e custos de produção. Na tarde desta terça (27.08), produtores rurais tiveram a oportunidade de assistir a um panorama de trabalhos sobre o tema, na sala temática A mecanização como fator de melhoria da produtividade. A atividade integra a programação do 12º Congresso Brasileiro de Algodão que acontece até esta quinta (29.08), no Centro de Convenções de Goiânia, em Goiás.
"Quando se fala nos efeitos da mecanização, é preciso pensar em produtividade num sentido amplo, que envolve não apenas aquilo que é medido em arroba por hectares, mas tudo que diz respeito à própria sustentabilidade do modelo produtivo", ressaltou, na abertura da sala, o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Fernando Lamas.
Um exemplo prático deste cenário foi demonstrado pelo presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), Carlos Moresco. Em seu trabalho, ele contou os resultados obtidos com o projeto Fazenda Samambaia, que gerou ganhos de cerca de US$ 350 por hectare a partir do investimento em equipamentos e num sistema de plantio com taxa variável de sementes e adubos.
"A mecanização com tecnologia embarcada tem alto custo e exige mão de obra especializada, mas permite alcançar resultados em ambientes diferenciados e com uma taxa de retorno alta", afirmou o engenheiro agrônomo, ao ressaltar também que os equipamentos hoje estão mais amigáveis ao usuário. "A agricultura 4.0 já é uma realidade", finalizou.
Geraldo Pereira, da empresa Equipe consultoria agronômica destacou em sua apresentação o impacto da mecanização na qualidade da pluma. "Hoje, só produzir não adianta, é preciso qualidade, e para isso não basta apenas máquinas de alta tecnologia, mas pessoas qualificadas", opinou. Já o consultor Milton Ide ressaltou que muito mudou nos últimos 35 anos na mecanização da lavoura. "Pulverizávamos de maneira arcaica com tratores adaptados. Mas não são as máquinas que melhoram a produção, e sim a qualidade na aplicação. Assim como quando há perdas na lavoura, a culpa não é, necessariamente, da máquina. O humano no comando das máquinas ainda é o mais importante".
Compradores e produtores querem saber: Como reduzir o índice de fibras curtas?
O comprimento das fibras é barreira técnica e econômica para a lavoura algodoeira. Por isso, o 12º Congresso Brasileiro do Algodão trouxe para os participantes a seguinte questão: "Como reduzir o índice de fibras curtas?". O tema foi abordado pelo pesquisador do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), Jean Louis Belot, pelo professor da Texas Tech University, Glenn Ritchie e pelo Mestre da Universidade de Paris XI, Jean Luc Chanselme na tarde desta terça-feira (27), em Goiânia, já que o mercado internacional tem se mostrado incomodado com os índices elevados de fibras curtas no Brasil.
Para os especialistas, a resistência, a maturidade e a força impactam diretamente no comprimento da fibra que está entre as principais reclamações dos compradores internacionais. "Existem medidas, em nível de campo, para aumentar a maturidade e preservar a fibra, ou seja, há como mitigar este problema e o produtor precisa estar consciente", afirma Jean Belot. Ele destaca ainda que a qualidade da fibra é inicialmente elaborada no campo, sendo que a variedade irá definir o padrão geral de qualidade intrínseca da fibra, cujas características têm determinismo genético importante como comprimento, diâmetro e resistência. Ele acrescenta ainda que as condições de manejo e de clima irão interferir significativamente sobre fibras. "Daí a importância de alertar os produtores, visando contribuir para a redução do índice de fibras curtas, apesar de não termos algodão de calibração ou mesmo um index de aferição adequado à realidade brasileira".
Entre as recomendações, o pesquisador aponta o manejo para reduzir o potencial de gerar fibras curtas. "Ele afeta diretamente a resistência que é o parâmetro mais importante a ser avaliado e também correlacionado à maturidade das fibras", acrescenta Belot, lembrando ainda que a escolha da variedade é fundamental para o comprimento. Outro aspecto salientado por Belot é avaliar a época do plantio, controlar a ramulária tardia, além do uso adequado dos desfoliantes e maturadores. Segundo ele a relação entre o campo e a algodoeira deve estar em harmonia porque os problemas quanto ao índice de fibras curtas são reais, mas não generalizados. "Com todas essas orientações, podemos minimizar o potencial de gerar fibras curtas, melhorar a qualidade do nosso algodão e conquistar ainda mais a confiança do comprador internacional", finaliza, Belot, ressaltando que o manejo não pode ser esquecido no operacional das fazendas brasileiras.
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Biotecnologia e práticas tradicionais se destacam nas estratégias para combate ao bicudo na próxima década
Soluções de curto, médio e longo prazo para controle e combate da praga foram discutidas, nesta terça-feira (dia 27), na sala temática Caminhos e soluções para o bicudo do algodoeiro em 2020/2030, durante 12º Congresso Brasileiro do Algodão, que segue até quinta-feira (dia 29), no Centro de Convenções de Goiânia. As estratégias apontadas pelos especialistas para enfrentar a principal praga da cotonicultura vão desde as práticas convencionais ao uso da biotecnologia, como o estudo na área de transgenia, que está em andamento na Embrapa.
Coordenada pelo engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal da Grande Dourados Paulo Degrande, a sala temática contou com a participação de especialistas e produtores, que apresentaram resultados de pesquisas, modelos de gestão de programas fitossanitários, além de outras questões relativas ao assunto.
Na sua apresentação, o coordenador da sala elencou os itens do Protocolo de Brasília que traçou as estratégias para combate ao bicudo. Nele, se destacam pontos como a redução da população do inseto no final de safra, colheita rápida e bem-feita, eliminação da soqueira, mapeamento com armadilhas, encurtamento do ciclo de plantio.
Em seguida, o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão, Júlio Busato, e o pesquisador do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt), Guilherme Rolim,falaram sobre experiência nos seus estados. Nos dois casos, os palestrantes ressaltaram os avanços e dificuldades encontradas para manter a praga longe das culturas e reduzir seus impactos financeiros.
"Plataforma do Algodão: desenvolvimento de algodão transgênico resistente ao bicudo", tema apresentado pelo pesquisador da Embrapa Algodão, José Cavalcanti, busca uma saída que traga mais segurança para os produtores. Segundo o estudioso, os genes usados na transformação vêm da bactéria BT (Bacillus thuringlensis). Iniciada há dois anos, a pesquisa já gerou dois genes e tem, no momento, 20 eventos em teste (bioensaios). "Mas não podemos esquecer que outras fases do projeto serão necessárias, já que a planta também quer eliminar o gene, pois não é parte dela".
O palestrante da mesa foi o consultor Walter Jorge, que já atuou como pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e acompanha o bicudo desde o início dos anos 80, quando a praga "estourou" no Brasil. Ele falou sobre as práticas tradicionais de manejos e a perspectivas oferecidas pela biotecnologia, desenvolvida no Brasil e na Argentina. Para fechar a sala, o engenheiro florestal, Guido Sanchez, falou sobre a experiência bem-sucedida no controle do bicudo em Campos de Holambra, no Vale do Paranapanema, em São Paulo.
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Produção, moda e sustentabilidade em debate
A Pegada Hídrica de uma calça jeans no país que é o maior produtor de algodão sustentável do mundo foi o nome da sala temática do primeiro dia do Congresso Brasileiro do Algodão (12ºCBA) que trouxe à grade majoritariamente técnico-científica do evento a visão de "causa". O debate encabeçado pela Abrapa, através do diretor executivo da entidade, Marcio Portocarrero, teve como convidados a apresentadora de TV e especialista em ecologia e consumo sustentável, Chiara Gadaleta e o diretor superintendente da Vicunha, Marcel Imaizumi. Abrapa, Vicunha e o Portal Ecoera são parceiras na iniciativa que visa a calcular o consumo direto e indireto desse insumo na vida útil de uma calça jeans, desde o plantio até o consumidor final. A sala reuniu os elos da produção agrícola, da indústria e da moda e sustentabilidade para falar sobre responsabilidade compartilhada no uso do recurso hídrico.
Marcio Portocarrero, em sua apresentação, relacionou os números alcançados pela cotonicultura brasileira e a adoção de uma mentalidade sustentável que elevou o país da categoria de importador de algodão até o posto de segundo maior exportador mundial da pluma. "A sustentabilidade – ambiental, social e econômica – foi entendida como único caminho para fazer renascer e perdurar a produção de algodão no país. A bandeira se tornou um compromisso de todos os cotonicultores, representados pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que implementou o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que estabeleceu critérios para certificar, em nível nacional, a pluma sustentável e opera em benchmark com a ONG suíça Better Cotton Initiative (BCI).
A Better Cotton Initiative (BCI) é referência internacional em licenciamento de algodão produzido sob os parâmetros da sustentabilidade. "Trata-se de um programa global que está presente em 21 países, e sua chancela tem sido cada vez mais um diferencial de mercado, neste momento em que há um evidente incremento de procura por produtos produzidos em bases sociais, ambientais e economicamente corretas, como consequência da conscientização do consumidor final", disse Portocarrero. O programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), criado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), é gerido em cada estado produtor de algodão pelas suas associações filiadas. A parceria referenciada contribuiu para fazer do país o campeão mundial de fibra comprovadamente sustentável, com 31% do montante chancelado pela entidade internacional.
Além de explicar como surgiu e funciona o ABR, Portocarrero informou que o programa já se prepara para dar o próximo passo, com a certificação das algodoeiras no Brasil. "Cada passo que damos na certificação representa um avanço em sustentabilidade. Essas são duas etapas inseparáveis", afirmou.
"O cotonicultor que adere ao ABR pode, automaticamente, optar por ser, também, licenciado pela BCI. A adesão aos programas é voluntária, e, ao fazê-la, ele se compromete a cumprir um rígido protocolo de boas práticas agrícolas nas suas fazendas, que contempla 224 itens, só na fase de verificação para diagnóstico que antecede a certificação, e outros 178 para a finalização do processo, que culmina com a expedição do certificado e a consequente emissão dos selos que serão fixados nos fardos", explicou o executivo.
Pegada
De acordo com Chiara Gadaleta, antes de se mensurar a "Pegada Hídrica", não se sabia um número fiel à realidade brasileira. O dado que era divulgado era importado do Estados Unidos, difundido pela americana Levis, e indicava um consumo de pouco mais de quatro mil litros por calça jeans. "Mas não sabíamos que metodologia foi utilizada para chegar a ele. Entendemos que precisávamos com urgência fazer esse cálculo, porque aí, sim, criaríamos um senso de responsabilidade compartilhada. Todos, desde o plantio até o descarte da peça, incluindo as lavagens domésticas, somos responsáveis. Esse número de 5196 litros na produção de uma calca jeans é só o começo da conversa, mas ele é importante porque será a partir dele que vamos estabelecer uma meta de redução", argumenta Gadaleta.
"É muito importante trazer para o congresso um olhar conectado com a atualidade. A moda é o repórter do seu tempo e, portanto, precisa falar sobre sustentabilidade, e, especificamente, sobre água. Esse é um evento técnico e ele precisa estar junto com o conceito de causa. O painel no CBA amplificou na cadeia produtiva uma conversa que é necessária, que pode render muitos frutos e o ambiente é muito propício", disse Gadaleta. Ela acrescenta que a parceria do Pegada Hídrica com a Vicunha e a Abrapa a surpreendeu muito positivamente. "Fiquei encantada com o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que eu conhecia pouco", revela. A ideia do projeto que tem por base "medir para gerir" começou há dois anos. "Queríamos entender como a cadeia olhava o recurso hídrico e escolhemos entre a camiseta branca e a calca jeans, a peça mais querida do guarda-roupa do brasileiro.
Grande entusiasta
Para o diretor-superintendente da Vicunha, Marcel Imaizumi, participar do 12º CBA é parte de uma estratégia de sensibilizar o público para um movimento que está vindo do elo da cadeia do consumidor. "A gente vem contribuir com percepções de mudança de comportamento do mercado e como isso vai influenciar no futuro as decisões de compra, inclusive do próprio algodão. O Brasil tem tudo para ser ainda mais competitivo, a primeira escolha dentre os fornecedores de algodão, mas tem um trabalho muito grande a se fazer. A Vicunha é uma grande entusiasta do ABR pelo que ele representa em termos de certificação e rastreabilidade, e ainda há muito a se desenvolver no programa no sentido de causa, que é a sustentabilidade.
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12º CBA reúne pesquisadores sobre novas biotecnologias em algodão
Sustentando o alto nível técnico apresentado já no primeiro dia do 12ª Congresso Brasileiro do Algodão, três profissionais reuniram conteúdo sobre o uso das principais biotecnologias herbicidas em algodão, seus resultados e as expectativas para os novos lançamentos. Sob coordenação e comissão científica do presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão – Ampa, Alexandre Schenkel, a sala temática recebeu como palestrantes o pesquisador do Instituto Mato-grossense do Algodão – IMAmt, Edson de Andrade Júnior; Ramiro Ovejero, Líder de Manejo de Resistência de Plantas Daninhas, da Bayer e Rodrigo Werle, Professor Assistente do Departamento de Sistemas de Extensão de Culturas Cientista de Ervas Daninhas, da Universidade de Wisconsin-Madison, que participou por videoconferência para falar sobre "Uso da tecnologia Dicamba® na soja no estado do Wisconsin, Estados Unidos".
"O uso das biotecnologias está exclusivamente relacionado ao controle das plantas daninhas resistentes". A frase de Edson de Andrade Júnior é apoiada pelo panorama atual da área algodoeira no Brasil, apresentado na sala temática no 12º CBA. Os dados demonstram a safra 18/19, com área de aproximadamente 1,6 milhões de hectares, as tecnologias usadas e seus altos custos de produção para controle das plantas invasoras e resistentes aos herbicidas glifosato, dicamba e glufosinato.
Ainda sem data prevista para lançamento, Edson Júnior apresentou na ocasião, informações sobre o Algodão Enlist resistente ao 2,4-D e glufosinato de amônio.
Líder de Manejo de Resistência de Plantas Daninhas, da Bayer, Ramiro Ovejero, abordou na palestra "A tecnologia XTend em soja e algodão". Segundo ele, é preciso debater tecnicamente os problemas atuais já pensando no futuro. "Nosso objetivo é atingir a melhor produtividade possível para ser mais competitivo". Ovejero defendeu o uso da biotecnologia como forma de contribuir positivamente para a inovação da cotonicultura brasileira, como na geração de oportunidades para o manejo de resistência. "É preciso pensar como será o manejo e seu impacto.
No meio da plateia envolvida com o conteúdo, o diretor de finanças da Polato Sementes, Flávio Garcia, definiu as palestras como enriquecedoras para tomada de decisão referente à gestão de custos. "Mesmo sendo de uma área administrativa, é importante estar atento às mudanças para se antecipar na gestão e controle e não deixar que isso se reflita na produção".
O 12º Congresso Brasileiro do Algodão (12º CBA) acontece entre os dias 27 e 29 de agosto, em Goiânia/GO, e é realizado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), com apoio financeiro do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e científico da Embrapa.