Região que já foi expressiva na cotonicultura argentina, a província do Chaco, que cultiva em torno de 85 mil hectares de algodão, busca, no Brasil, modelos para uma possível retomada. Os diálogos com cotonicultores brasileiros se fortaleceram há dois meses, quando lideranças em produção de algodão no país vizinho procuraram a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) para conhecer o programa de qualidade Standard Brasil HVI (SBRHVI) e o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA). Na última semana, os laços entre os dois países foram estreitados, durante o 1° Congresso Internacional do Algodão, realizado no dia 27 de outubro, na cidade de Sáenz Peña. A Abrapa apresentou, na ocasião, um panorama atual do setor algodoeiro no Brasil, seu modelo de governança e as iniciativas da associação em sustentabilidade, através do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR).
De acordo com o diretor-executivo da entidade, Marcio Portocarrero, a história de retomada na cotonicultura do Brasil, sob novos parâmetros, após um período em que a atividade quase foi extinta, inspira os argentinos. "A situação é semelhante em vários aspectos, mas o que mais chamou atenção deles foi que esse novo capítulo na produção de algodão aqui foi protagonizado pela iniciativa privada. Eles entenderam que não podem apenas esperar que o governo faça o que tem de ser feito, mas liderar a própria mudança", afirma Portocarrero.
O congresso teve como tema "Semear algodão e colher futuro" e reuniu em torno de 600 pessoas, principalmente, produtores de pequeno porte, pesquisadores, estudantes e consultores, além do segmento de máquinas e implementos agrícolas.
O ministro da Produção da província do Chaco, Gabriel Tortarolo, destacou a iniciativa privada como o "verdadeiro motor da cadeia algodoeira". Segundo ele, o governo aguarda o posicionamento dos produtores acerca do que entendem que deveria ser a ajuda governamental. "Foi fabuloso que o epílogo do congresso tenha sido com o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão. Espero que possamos chegar ao que, hoje, representa o Brasil", disse.
Em sua palestra, Marcio Portocarrero também destacou o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que, desde 2013, opera em benchmarking com a entidade internacional Better Cotton Iniciative (BCI). Hoje, 30% de toda a fibra sustentável no mundo têm origem em lavouras brasileiras.
Com a retomada do cultivo, a província do Chaco, que plantou 85 mil hectares em 2016/2017, espera chegar, em breve, a 150 mil hectares. No período, a Argentina plantou, ao todo, aproximadamente, 376 mil hectares de algodão, com produção de 195 mil toneladas de pluma. A produtividade média no país é de 519 quilos de pluma por hectare, menos da metade da obtida no Brasil no mesmo período, que foi de 1,2 mil quilos por hectare.