Como parte de um acordo de cooperação para o fortalecimento da cotonicultura nos países do Mercosul, Haiti e África subsaariana, a Abrapa participou esta semana de uma missão na Colômbia para apresentar ao governo daquele país o seu modelo de governança associativa, os programas que desenvolve em Qualidade, Sustentabilidade e Rastreabilidade, além de um panorama da cotonicultura brasileira. O foco da missão, que prossegue até o dia 16 de março, é a cotonicultura colombiana, que já foi expressiva, quando chegou a ter mais de 400 mil hectares de área plantada, mas hoje está restrita a, aproximadamente, 18 mil hectares, cultivados por agricultores familiares, em duas áreas específicas, o chamado “Caribe úmido”, região de Córdoba, e o “Interior”, em Tolima.
O Acordo foi firmado em 2012 e envolveu, além dos demais países signatários do bloco, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil /Agência de Brasileira de Cooperação (MRE/ABC), o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e o Escritório da FAO para a América Latina e Caribe.
De acordo com o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, o compartilhamento dos recursos técnicos e a troca de experiências nesse intercâmbio podem dar novo ânimo à cotonicultura colombiana, que guarda algumas semelhanças com a brasileira, especialmente quanto às variedades plantadas, herbáceas, anuais e com forte penetração das tecnologias transgênicas.
“Contudo, o modelo de negócio dos colombianos é bem diverso do nosso, e muito menos tecnificado. Será, sem dúvida, um grande desafio, que depende ainda do aceite do governo colombiano às propostas que surgirão desses encontros”, explicou.
Mão dupla
Quanto à possibilidade de fortalecimento da concorrência e os eventuais riscos de perda de mercado, Portocarrero afirma que estas não são preocupações da Abrapa. Segundo ele, nesse caso, as realidades entre Brasil e Colômbia, no que tange ao algodão são desproporcionais. “Por outro lado, os acordos de cooperação são sempre vias de mão dupla. Fazer parte de uma iniciativa dessas, além de ajudar a gerar desenvolvimento, emprego e renda, o que beneficia não apenas o país alvo, mas todo o bloco do Mercosul, é muito salutar para as relações exteriores do país, e, consequentemente, para o setor”, concluiu o diretor.